Título: Unido, PFL confirma César Maia como candidato a presidente
Autor: Sérgio Pardellas
Fonte: Gazeta Mercantil, 17/12/2004, Política, p. A-9

Num evento marcado pelas críticas ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e juras de unidade interna, o PFL oficializou ontem , por aclamação, durante reunião do Diretório Nacional, a pré-candidatura do prefeito do Rio de Janeiro, César Maia, à Presidência da República nas eleições de 2006.

Em seu primeiro discurso como pré-candidato, César Maia, exaltou o desempenho eleitoral do PFL nas eleições municipais e começou a delinear o projeto do partido para o País. A fim de fortalecer seu nome nacionalmente, a partir de 2005, o prefeito partirá num périplo pelo país. Maia prometeu, no entanto, em entrevista coletiva , não se afastar da prefeitura. Vai se dedicar à campanha apenas nos fins de semana e feriados. "Vou aproveitar os momentos em que a presença do prefeito não é indispensável. Faremos viagens curtas. De qualquer forma, a máquina da prefeitura está azeitada", disse.

O itinerário ainda está em gestação, mas a prioridade será o Nordeste, região onde o prefeito carioca, segundo pesquisas internas do partido, tem pouca penetração e porque, junto com o Rio, totaliza 40% do eleitorado nacional.

Durante o discurso, as propostas foram acompanhadas por críticas ao atual governo - a quem Maia acusou de transformar os eventos oficiais em comício antecipando com isso o processo eleitoral.

"O estilo presidencial norte-americano, desde Ronald Reagan, ou seja, todo dia é dia de eleição, tomou conta do atual governo e o presidente faz diariamente o seu comício. Por isso se alguém antecipou esse processo foi ele e a oposição não pode deixar de oferecer as suas alternativas", disse.

A área econômica do governo também foi alvo das críticas do prefeito do Rio. Para ele, a atual carga tributária "inibe a poupança e inviabiliza o investimento".

Propostas

Entre as principais metas apresentadas por Maia em seu programa para o País, estão além da redução da carga tributária, a promoção de uma política que valorize o servidor público, investimentos em educação, e a profissionalização das Forças Armadas. Maia defendeu que as Forças Armadas sejam utilizadas no combate ao crime organizado. As promessas, segundo ele, não cairão no esquecimento, com as feitas de forma "irresponsável" pelo atual governo. "Vamos oferecer ao país democracia com desenvolvimento. Fazer e fazer bem é para nós do PFL uma liturgia de governo. Hoje, vemos aqui um exemplo triste, especialmente para os pobres, que acreditaram nas promessas irresponsáveis", disse.

Pesquisa eleitoral

César Maia ainda fez uma avaliação distinta das recentes pesquisas de opinião que colocam o presidente Lula nos mais altos patamares de popularidade. Segundo ele, 73% dos entrevistados não conseguem mencionar uma ação sequer do governo. "O governo, a população avalia mal. Mas o presidente, um personagem que faz um comício por dia, a população acha simpático. Por isso se trata de um personagem oco", disse.

Embalados pelo clima de cordialidade do encontro, os caciques pefelistas fizeram juras de união eterna, depois de um ano pontuado pelas divergências entre o presidente nacional da legenda, senador Jorge Bornhausen (SC) e o senador baiano Antônio Carlos Magalhães, que culminou com a instauração de um processo, hoje arquivado, pedindo a expulsão de ACM da legenda.