Título: Dólar sobe 0,10% e fecha a R$ 2,932; juros futuros ficam estáveis
Autor: Alessandra Bellotto
Fonte: Gazeta Mercantil, 02/09/2004, Finanças & Mercados, p. B-1

O dólar registrou um pequeno ajuste ontem, fechando com alta de 0,10%. Depois de oscilar entre a mínima de R$ 2,924 (baixa de 0,17%) e a máxima de R$ 2,934 (alta de 0,17%), a moeda norte-americana encerrou os negócios valendo R$ 2,932. Para analistas, a pressão veio do avanço das cotações do petróleo no mercado internacional. O dólar só não subiu mais por conta do resultado da balança comercial, que registrou superávit de US$ 3,4 bilhões em agosto. A tendência para a moeda, no entanto, é de baixa.

"O dólar continua bem comportado e talvez em um dos períodos mais sossegados", afirmou o analista de câmbio da Corretora Souza Barros, Hideaki Iha. Segundo ele, a alta do petróleo contribuiu para o ajuste da moeda ontem. O barril do tipo WTI registrou valorização de 4,46%, para US$ 44, refletindo a queda no volume de reservas norte-americanas de óleo cru.

O movimento, acrescentou o analista da Souza Barros, continua fraco. "No nível em que a moeda está, é difícil alguém tomar alguma posição no mercado", disse Iha. Ele explicou que vender dólar torna-se arriscado, porque há espaço para altas em circunstâncias de estresse. Por outro lado, com o movimento de queda assumido pelo dólar, não há justificativas para a compra da divisa.

Carlos Cintra, gerente de renda fixa do Banco Prosper, destacou que a tendência para o dólar é de queda. "O fluxo ainda é positivo para o País, com o risco perto das mínimas do ano e os juros americanos em baixa", disse. Ontem, a taxa de retorno dos títulos de dez anos do Tesouro americano fechou em 4,12%. Em junho, esses papéis chegaram a pagar 4,87%. O risco ontem manteve-se no patamar de 520 pontos, apesar de ter beirado os 500 pontos nesta semana.

Com esse cenário favorável, os analistas são unânimes em dizer que o Brasil não deverá desperdiçar a chance de captar recursos no mercado internacional. "Eles (Tesouro Nacional e Banco Central) vão ter de aproveitar a janela de oportunidade. Tem vencimento", afirmou Iha. De fato, no dia 30 de setembro vencem ¿ 500 milhões (US$ 608,8 milhões) em bônus emitidos pela República em 1999, o que reforça os comentários entre os investidores de que há uma emissão soberana "no forno". Há quem diga que a operação tem prazo de sete anos.

Entre os argumentos que pesam a favor de uma emissão soberana, Cintra ressaltou ainda a necessidade de recomposição das reservas internacionais. "O BC não vai entrar comprando dólar no mercado à vista, para evitar um impacto na inflação", afirmou. Na BM&F, o setor de juros futuros ficou no "zero a zero", como definiu Cintra. O DI de janeiro ficou estável. A taxa passou de 16,73% para 16,75%. Outubro fechou a 15,99%, contra 15,98% da véspera.