Título: Diretor-gerente reúne-se com equipe econômica
Autor: Edna Simão
Fonte: Gazeta Mercantil, 03/09/2004, Nacional, p. A-6

Depois de passar pela Argentina, Uruguai e Chile, o diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Rodrigo Rato, chega hoje ao Brasil e se reúne hoje mesmo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua equipe econômica. A visita deverá ser bem mais política do que técnica. Portanto, não são esperadas decisões conclusivas sobre o início da implementação do projeto piloto, que altera a fórmula de calcular o superávit primário (receitas menos despesas, excluindo pagamento de juros), ou sobre a possibilidade de renovação de um novo acordo.

A agenda de Rato no Brasil será movimentada. O primeiro encontro será com o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles. Em seguida, às 10 horas, reúne-se com o ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Para as 11h30, está prevista uma conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O diretor-gerente do FMI almoça com Palocci e às 16 horas terá encontro com representantes de várias ONGs em funcionamento no País. Nesse encontro, os participantes entregarão um documento com algumas reivindicações para o dirigente do Fundo.

A economista Zeina Latif, do banco HSBC, disse ontem não acreditar que neste encontro haverá avanços no projeto piloto que visa alterar a fórmula de computar os investimentos em infra-estrutura no cálculo do superávit primário. Atualmente, parte dos investimentos da Petrobras e em saneamento básico (R$3 bilhões) não são considerados como gasto na hora do cálculo do superávit. A idéia do governo é ampliar este benefício para outras áreas e, conseqüentemente, ter mais espaço para investir em infra-estrutura, que é considerado um dos gargalos do país para o desenvolvimento econômico sustentável.

Segundo Zeina, o projeto piloto que poderá ser desenvolvido no país não resolve todos os problemas de falta de recursos da União. Para ela, é preciso ter cautela na escolha dos investimentos que serão retirados do cálculo do superávit primário para evitar o aumento do endividamento público.

O economista-sênior do banco alemão West LB, Adauto Lima, disse que o FMI deverá manter algumas restrições ao País. Segundo ele, o governo precisa fazer um ajuste de seus gastos, ao invés de reivindicar a redução do superávit primário, que é essencial para que a relação dívida/PIB caia.

Desde de novembro de 2002, o Brasil não saca recursos junto ao FMI. No final de 2003, o governo firmou um acordo preventivo com o Fundo de US$ 14,8 bilhões para evitar possíveis turbulências do mercado externo. Devido aos números positivos da economia brasileira e ao cumprimento antecipado das metas de superávit primário, a expectativa dos economistas do mercado é de que o governo mantenha a postura de não sacar novos recursos.