Título: Guaraniana retoma obra de termelétrica
Autor: Mônica Magnavita
Fonte: Gazeta Mercantil, 03/09/2004, Energia, p. A-7

Empresa vai reduzir sua participação de 70% na Termoaçu, segundo acordo com a sócia Petrobras. A Guaraniana S/A - holding de energia que tem como sócios a Previ, a espanhola Iberdrola e o Banco do Brasil - e a Petrobras assinam, no próximo dia 10, o acordo de acionistas da Termoaçu, termelétrica do Rio Grande do Norte, que dará o ponto de partida para a retomada da construção da usina, que vai gerar 340 megawatts (MW) a partir de 2007. A Guaraniana, dona de 70% da usina, deverá reduzir sua participação enquanto a Petrobras, em contrapartida, avalia ampliar o total de ações na empresa, hoje equivalente a 30% do capital ordinário. A Guaraniana, que em breve será rebatizada com um dos três nomes em avaliação (Solluz, Novaluz e Solare), investirá R$ 400 milhões no projeto, que, segundo o presidente Marcelo Correa, será concluído quando o gasoduto que interliga os estados do Nordeste, o Gasene, entrar em operação.

"Não haverá problemas de fornecimento de gás", disse Correa. As obras da Termoaçu começaram em 2002, mas foram interrompidas em função das indefinições em torno da política de gás. O grupo, que detém o controle das distribuidoras Coelba, Cosern e Celpe, também aguarda definições da Resolução 40, sobre o fornecimento de gás para as três térmicas do Nordeste - Termopernambuco, da Guaraniana, MPX e a Termoceará -, para receber cerca de R$ 260 milhões já aprovados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), destinados à térmica de Pernambuco e ainda não liberados.

Segundo Correa, a decisão sairá nos próximos 15 dias. "Haverá combustível para as térmicas. Isso é certo. Está sendo desenhada uma solução", disse, acrescentando que a usina pernambucana, na qual a Guaraniana já investiu R$ 1 bilhão, está operando e vem gerando 532 megawatts. Hoje, as três térmicas não têm gás suficiente para operarem simultaneamente.

A holding aguarda para outubro a liberação de R$ 905 milhões do BNDES relativos ao programa de capitalização para as distribuidoras, dos quais R$ 480 milhões irão para a Coelba, R$ 233 milhões para a Celpe e R$120 milhões para a Cosern. Segundo Correa, o pedido da Guaraniana já está na fase de enquadramento e a conclusão do processo, prevista para o próximo ano, inclui o ingresso da empresa no nível 2 do Novo Mercado em 42 meses e uma oferta pública internacional.

O processo de saneamento do grupo, requisito básico para a adesão ao programa do BNDES, já trouxe resultados visíveis. A dívida líquida de curto prazo saiu de R$ 2,4 bilhões em 2003 (60% do total) para R$ 815 milhões em junho deste ano, de um total de R$ 3,5 bilhões. Até dezembro, com os recursos do banco, Correa estima que a dívida líquida chegará a R$ 500 milhões.

Além disso, a Guaraniana entrou com pedido no BNDES para financiamento de R$ 500 milhões para investimentos em ampliação da rede de distribuição, modernização e troca de equipamentos. Os valores, no entanto, estão sendo revistos. O programa da companhia prevê um aporte de recursos para os próximos três anos superior a R$ 500 milhões nas suas três concessionárias.

Em relação ao novo modelo do setor elétrico, Correa considerou que foi um passo à frente em relação ao anterior, mas vê riscos no que diz respeito aos novos investimentos em geração. Para tornar atrativa a presença dos fundos de pensão no setor, por exemplo, enviou uma proposta aos ministérios de Minas e Energia e da Fazenda sugerindo mecanismos de proteção e de liquidez para os investidores institucionais.

A proposta prevê a criação de garantias que assegurem o recebimento pelo valor de face mais os juros dos títulos no momento da venda. "A idéia é criar mecanismos de proteção quando os fundos precisarem de liquidez", disse Correa, um dos participantes do Congresso de Conselheiros da Previ, que reuniu ontem, na Costa do Sauípe, cerca de 200 executivos do fundo com assento nos conselhos de administração das empresas nas quais a Previ tem participação.

kicker: Holding aguarda para outubro a liberação deR$ 905 milhões de recursos do BNDES