Título: Petróleo e feriado provocam ajustes e dólar sobe 0,27%
Autor: Alessandra Bellotto
Fonte: Gazeta Mercantil, 03/09/2004, Finanças & Mercados, p. B-1

A alta do petróleo e os feriados nos Estados Unidos e aqui na próxima semana ditaram a cautela no mercado financeiro ontem. O dólar avançou 0,27%, cotado a R$ 2,940. Os contratos de DI negociados na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) operaram sem tendência, embora alguns analistas esperem alta na Selic já na reunião deste mês.

Segundo o diretor operacional da NGO Corretora de Câmbio, Francisco Gimenez Neto, o avanço na cotação da moeda norte-americana já era esperada, em função dos feriados na segunda-feira nos Estados Unidos (Dia do Trabalho) e na terça-feira aqui (Dia da Independência). "Era de se esperar que os bancos assumissem posições compradas", afirmou.

Os últimos avanços na cotação do petróleo, disse Gimenez, também trouxeram certo desconforto. "O mercado acreditava que o dólar poderia chegar a R$ 2,90 e até ficar abaixo", explicou o diretor da NGO. Ontem, o barril WTI chegou a ser negociado a US$ 45,37, com a ameaça de corte na produção da companhia russa Yukos Oil Co e o novo ataque a um oleoduto que liga o Iraque à Turquia. Mas, cedeu para US$ 44,06 no fechamento, com leve alta de 0,13%, motivado por um movimento de realização de lucros.

Apesar da pressão advinda do petróleo, Gimenez Neto informou que o mercado de câmbio continua líquido, amparado no volume grande de exportações. "Não há nada que traga um impacto negativo para o mercado", disse. Ontem, segundo ele, o volume financeiro melhorou, chegando a US$ 1,1 bilhão. O mercado de câmbio também não registrou grandes oscilações.

Na cena externa, os papéis da dívida brasileira foram afetados pela valorização dos títulos do Tesouro americano: os investidores aguardam a divulgação hoje dos números do mercado de trabalho daquele país. Se vierem fortes, reforçam as apostas na continuidade do aperto monetário nos EUA. O C-Bond era negociado a 97,5% do valor de face, com baixa de 0,45%. O Global 40 caía 0,88%, para 106,2% do valor de face. O risco Brasil, por sua vez, subia 0,15%, para 522 pontos. Para o diretor da área internacional da Corretora Liquidez, Ofir Elias, a queda no C-Bond deve-se a uma correção técnica, a um movimento de realização de lucros por investidores.

O segmento de juros futuros, segundo o analista da Liquidez, Marcelo Gouvea, operou sem direção. O contrato mais líquido, o de janeiro de 2005, ficou estável. Apontou taxa de 16,76%, ante 16,75% da véspera. "O mercado não mudou muito", disse. O analista afirmou que os investidores esperam fatos novos para assumir uma posição. Ainda de acordo com Gouvea, o mercado já precifica uma alta de 0,25 ponto na Selic na reunião deste mês. Os contratos com vencimento acima de julho de 2005 projetaram taxas mais baixas.