Título: Previ quer que CVM investigue operação InBev
Autor: Mônica Magnavita
Fonte: Gazeta Mercantil, 03/09/2004, Finanças & Mercados, p. B-2

A Previ, Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil, vai entrar com um recurso na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para que seja aberto um inquérito administrativo a fim de apurar a atuação dos administradores da AmBev na operação que resultou na união com a belga Interbrew, anunciada em março deste ano e concluída na última sexta. A Previ, maior acionista minoritária da AmBev - é dona de 14,7% das ações preferenciais e de 8,9% do capital total -, está certa de que foi prejudicada no processo e vai recorrer da decisão do parecer técnico da CVM, que aprovou a operação entre as duas companhia. "Acreditamos na atuação da CVM, por isso ainda não pensamos o que fazer caso o Colegiado reitere o parecer técnico", disse o presidente da Previ, Sérgio Rosa.

O diretor de Investimentos do fundo, Luiz Carlos Aguiar, enumerou uma série de movimentos que acabaram prejudicando os minoritários no processo. Por exemplo, a falta de diligência dos executivos na divulgação da operação e o conflito de interesses por parte dos sócios da AmBev. "As duas operações, tanto a de incorporação quanto a da Interbrew, foram feitas no mesmo momento. E no conselho de administração, um dos sócios controladores, enquanto negociava a posição dele de troca e de permuta das ações na Interbrew, ao mesmo tempo votava favoravelmente à aprovação da incorporação", disse Aguiar, que participou ontem da abertura do Encontro de Conselheiros da Previ, na Costa do Sauípe, um complexo turístico controlado pelo fundo dos funcionários do BB, a cerca de 100 quilômetros de Salvador.

Em síntese, a Previ defende que a operação poderia ter contemplado todos os acionistas da AmBev e não apenas os controladores. "Os minoritários foram claramente prejudicados", disse, acrescentando: "Essa operação foi emblemática." O negócio entre a AmBev e Interbrew foi estimado em cerca de US$ 9 bilhões, mas o valor final vai depender da oferta pública para a compra das ações remanescentes - ver, a propósito, a coluna Bolsas, na página B-4. A nova empresa - que se tornará a maior produtora de cerveja do mundo - passará a se chamar InBev.

Caso Opportunity/CVC

Outra frente de batalha da Previ, a administração do banco Opportunity no fundo CVC, também promete render desdobramentos. Sérgio Rosa disse que está concluindo um levantamento sobre a gestão do banco e o caso continua sob análise da CVM.

Como medida preventiva para evitar futuros atritos, a Previ está elaborando um relatório sobre a gestão dos administradores e promete divulgar a avaliação feita sobre cada um deles.