Título: Expansão pode estimular projetos de grande porte
Autor: Lívia Ferrari
Fonte: Gazeta Mercantil, 06/09/2004, Nacional, p. A-7

As sinalizações de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) acima de 4% este ano deverão se traduzir na entrada, nos próximos meses, de projetos de grande porte para financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômicos e Social (BNDES), sobretudo nos setores da siderurgia, papel e celulose, petróleo, gás e infra-estrutura, acredita o superintendente de planejamento do banco estatal, Maurício Piccinini. "Os grandes projetos ainda não chegaram no ritmo desejado", admite ele, reconhecendo que "ficará muito feliz quando começar a aparecer também projetos industriais de bens de consumo de massa, intensivos em mão-de-obra".

Ainda assim, nos primeiros oito meses do ano, os desembolsos de financiamentos do BNDES para projetos de investimentos somaram R$ 24,4 bilhões, com incremento de 43% na comparação com os cerca de R$ 17 bilhões liberados no mesmo período de 2003. Somente para pequenas e médias empresas foram destinados R$ 7,4 bilhões até agosto último, com aumento de 27% e equivalente a 90,5 mil operações (alta de 44%). "Com isso, 50% do orçamento para investimento previsto para este ano (de R$ 47,3 bilhões) já foi cumprido", destaca ele.

Um dia após anunciada, a nova linha para capital de giro do BNDES já registrava, na sexta-feira, demanda (carta-consulta) no valor de R$ 179 milhões por parte de fabricantes de máquinas agrícolas, equipamentos ferroviários, setor farmacêutico, petroquímica e calçados. Hoje, o BNDES envia carta-circular aos agentes financeiros definindo os procedimentos da nova linha de crédito para projetos classificados como Arranjos Produtivos Locais (APLs) ¿ que reúnem cadeias produtivas.

Os bons resultados divulgados ontem pelo superintendente de planejamento do BNDES demonstram, segundo ele, "empenho do banco no apoio a investimentos e na consolidação do crescimento econômico".

Piccinini, junto com mais sete superintendentes do banco estatal de fomento, reuniu a imprensa para expor procedimentos do BNDES no processo de liberação de empréstimos, numa clara reação a declarações do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Luiz Fernando Furlan, que dias antes havia criticado publicamente "a demora das análises e a aprovação de projetos do banco", com prazo, segundo Furlan, de até um ano.

De acordo com Piccinini, atualmente o prazo médio para contratação de operação de financiamento no BNDES é de 150 dias, "menor que os seis meses praticados pelo Banco de Desenvolvimento do Japão (JBIC) ou pelo Banco Mundial (BIRD)", comparou.

Prazo máximo de 150 dias

O objetivo do BNDES é fazer com que 150 dias seja o prazo máximo da operação no âmbito do banco, conforme previsto na nova política operacional do BNDES, em vigor desde março último. Mas enquanto isso não acontece, Piccinini admite que há casos em que o prazo para contratação de financiamento no banco atinge até 210 dias.

Segundo ele, são exceções, que envolvem projetos mais complexos, de implantação de uma siderúrgica ou de uma usina hidrelétrica , que têm prazo de maturação de quatro anos, exigem licenças ambientais e análises de impacto social e têm efeitos grandes sobre a economia regional. "Todos esses aspectos são verificados", disse o executivo, fazendo questão de ressaltar que o corpo de especialistas do banco "se orgulha dos procedimentos e dos critérios técnicos adotados pelo BNDES para aprovar projetos de financiamento".

Piccinini garantiu, contudo, que operações da nova linha para capital de giro, com orçamento previsto de R$ 2,5 bilhões, poderão ser aprovadas em curto prazo (possivelmente em até uma semana), pois exigem menos informações para análise.