Título: PT aposta na reeleição de Maggioni
Autor: Edson Álvares da Costa
Fonte: Gazeta Mercantil, 06/09/2004, Política, p. A-8

Atual prefeito está mal colocado nas pesquisas e sofre forte ataque de seus adversários. A menos de um mês do primeiro turno, a prefeitura petista de Ribeirão Preto entrega e anuncia uma série de obras. Está claro que a estratégia visa a reeleição Gilberto Maggioni (PT). Outro ponto é a tentativa de rebater os ataques que o candidato tem sofrido, diariamente, no horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão.

Uma dos municípios mais ricas e populosas do interior paulista, Ribeirão Preto tem importância simbólica para os petistas. Afinal, foi da cidade que saiu o ministro Antonio Palocci Filho. Ele deixou o cargo para coordenar o programa de governo de Lula e depois assumiu a Fazenda.

Enquanto os adversários aponta o que consideram deficiências no do município, em especial o atendimento à saúde, o desemprego, o crescimento das favelas, a falta de creches e a saída de empresas de Ribeirão Preto, Maggioni mostra obras, faz promessas e pede mais tempo para governar. "Não podemos interromper essas conquistas", diz o candidato, que participou na semana passada de um showmício animado por Zezé Di Camargo e Luciano, dupla sertaneja preferida do presidente Lula.

Nos últimos dias, a prefeitura de Ribeirão Preto anunciou a entrega de 44 lotes do distrito empresarial e começou a receber, por meio da Cohab, as inscrições para aquisição de 1.117 terrenos urbanizados do loteamento "Professor Antonio Palocci", uma homenagem ao falecido artista plástico, pai do ex-prefeito e hoje ministro Fazenda.

Na propaganda eleitoral, o candidato do PT , que substitui Palocci na prefeitura em novembro de 2002, diz que fez quatro escolas e entregará mais oito. Promete dobrar o número de creches, para 40, e construir mais cinco unidades básicas de saúde. Em meio a imagens de máquinas trabalhando supostamente no conjunto habitacional que leva o nome do pai de Palocci, Maggioni diz que o projeto é o primeiro a receber o programa Saúde e Educação Integradas (SEI), com unidade de saúde, escola e creche.

É acirrada a disputa a prefeito na terra de Palocci, cidade de 550 mil habitantes e orçamento de R$ 550 milhões para 2005, pólo de uma das mais ricas regiões do País. A última pesquisa do jornal A Cidade, feita antes do horário eleitoral, aponta Baleia Rossi (PMDB) isolado na liderança, com 31,1% das intenções de voto, seguido pelo Welson Gasparini (PSDB), prefeito por três vezes, com 16,2%. Num incômodo terceiro lugar, tecnicamente empatado com Rafael Silva (PL), vem Maggioni, com só 10% das intenções de voto e o maior índice de rejeição: 36,7%.

Numa tentativa de reverter o quadro, Maggioni assegura que trará dinheiro do governo federal para a cidade. Em entrevista na televisão, garantiu a execução de um projeto para contenção de enchentes, no valor de R$ 14 milhões. "O ministro Ciro Gomes (da Integração Nacional) prometeu que em 2005 o dinheiro virá para Ribeirão Preto".

A propaganda petista tem se preocupado ainda em mostrar que Maggioni colocou "a casa em ordem." O empresário recebeu a prefeitura de Palocci com um déficit de R$ 57,7 milhões em 2002, o equivalente a quase 20% do orçamento, segundo o Tribunal de Contas do Estado.

O PT confia num desempenho melhor nas próximas pesquisas de opinião, com a influência da campanha no rádio e TV, que associa Maggioni, "o candidato da parceria", ao governo Lula. "Não vamos perder esta eleição", diz um dos secretários do governo petista.

A equipe de Gasparini, principal oponente de Maggioni, aposta no ataque ao PT mas não abre mão da participação do governador Geraldo Alckmin, que já gravou depoimento para a campanha. "A casa não está em ordem. As dívidas da prefeitura são impressionantes. A saúde não funciona. Nos últimos anos, Ribeirão andou na marcha ré. Caminhou para trás. Empobreceu a tal ponto que convivemos com trinta e três favelas cujos barracos, regra geral, não têm nem instalações sanitárias" acusa candidato tucano.

Baleia Rossi, com presença praticamente garantida no segundo turno, centraliza o programa em propostas de governo, como a implantação do Saúde Integral da Mulher (SIM). Mas não deixa de criticar o governo petista. "Precisamos de uma política pública séria, para garantir que nenhuma empresa mais saia de Ribeirão Preto, porque nos últimos anos nós perdemos milhares de postos de trabalho. No nosso governo, vamos implantar de verdade o distrito industrial".

Rafael Silva (PL) evita atacar Maggioni diretamente, mas faz alusão à falta de transparência da administração petista. Uma de suas propostas é a criação Conselho Ético Municipal (CEM), para fiscalizar o trabalho da prefeitura. Os dois últimos colocados nas pesquisas, Fernando Chiarelli (PT do B) e Fátima Fernandes (PSTU), com pouco tempo na TV, atiram para todos os lados.