Título: Chávez não perdoa grevistas da PDVSA
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Fonte: Gazeta Mercantil, 03/09/2004, Internacional, p. A-11

O governo venezuelano informou ontem que a demissão de cerca de 20 mil trabalhadores do grupo estatal Petróleos de Venezuela SA (PDVSA) - que participaram de uma greve no início de 2003 - é "irreversível". María Cristina Iglesias, ministra do Trabalho, afirmou que os recursos apresentados pelos trabalhadores, para readmissão, "não serão considerados. Do ponto de vista do Ministério do Trabalho, o caso está encerrado. Resta, no entanto, a opção de recorrer à Sala Político-Administrativa do Supremo Tribunal de Justiça", disse Iglesias aos jornalistas.

Iglesias lembrou que os trabalhadores foram excluídos da PDVSA "porque abandonaram voluntariamente seus postos durante os dois meses de paralisação, entre dezembro de 2002 e fevereiro de 2003", organizado pela opositora Coordenadora Democrática, para forçar a saída do presidente Chávez.

"Eles deixaram seus postos sem cumprir os requisitos da lei. Não houve lista de exigências nem reivindicações trabalhistas porque se tratou de uma greve política para derrubar um governo legítimo", explicou a ministra.

"Deve-se lembrar que, além disso, em dezembro de 2002, o Supremo Tribunal ordenou-os a se reincorporar a seus postos, porque estavam violando os direitos dos cidadãos, e não obedeceram", acrescentou Iglesias. A paralisação da indústria petrolífera provocou, segundo cálculos oficiais, perdas superiores a 10 bilhões de dólares e fez com que o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre de 2003 caísse 30%.

Ontem, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) anunciou que as eleições regionais e municipais previstas para o final de setembro foram adiadas para 31 de outubro, mas os governistas criticaram a nova data e anunciaram que entrarão na justiça contra a medida.