Título: Consumidor vê o País com mais confiança
Autor: Daniele Carvalho
Fonte: Gazeta Mercantil, 03/09/2004, Comércio & Serviços, p. A-14

O brasileiro está mais otimista em relação ao cenário econômico do País para os próximos seis meses, conforme aponta a Sondagem de Expectativa do Consumidor, divulgada ontem pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Segundo a pesquisa, 42,4% dos entrevistados previam uma situação melhor desde agosto, contra 39,4% apurados no levantamento anterior.

A participação de entrevistados que acreditam que a situação econômica vai se manter foi de 43,4%, enquanto que 14,2% apostam na piora das condições. Apesar do pessimismo da maioria (51,4%) em relação ao mercado de trabalho, cresceu a participação dos que acham que será mais fácil encontrar oportunidades nos próximos seis meses: 14,3% em agosto, frente 11,7% em julho.

Quanto à intenção de ir às compras neste semestre, a pesquisa apontou que a maior parte dos entrevistados (52,8%) ainda pretende diminuir a aquisição de bens-duráveis. O número se mantém estável em relação à sondagem anterior, mas não deve ser visto como um ponto negativo, pondera Aloísio Camelo, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da FGV. "Entendemos que o consumidor ainda não está no período do ano em que se planeja fazer compras de bens de alto valor. Isto não quer dizer que ele não esteja disposto a aumentar, por exemplo, gastos no supermercado ou com roupas", argumenta o economista. "De maneira geral, a pesquisa mostra que o consumidor está mais confiante. Esta tendência deverá se confirmar nos próximos meses."

O endividamento das famílias teve leve recuo, passando de 28,8% em julho para 26,7% em agosto. Já o percentual de lares com poupança apresentou crescimento de 13,5% para 14,9%.

Para Fernando Holanda Barbosa, da escola de pós-graduação da FGV, a sondagem mostra que o otimismo do consumidor deve garantir um bom desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) nos próximos trimestres.

"O governo precisará de uma sintonia fina para ajustar as taxas de juros ao consumo. Acredito que um crescimento de 1% a cada trimestre pode ser considerado sustentável para o Brasil. A expansão de 5,7% do PIB registrada no último trimestre não deverá se repetir", avalia Barbosa.