Título: Chilena Enaer terá fábrica vizinha à parceira Embraer
Autor: Virgínia Silveira
Fonte: Gazeta Mercantil, 03/09/2004, Transporte & Logística, p. A-14

É a primeira filial da fornecedora da cauda dos jatos 135/145 fora do Chile. A Enaer (Empresa Nacional de Aeronáutica do Chile), parceira de risco da Embraer na produção de jatos regionais de 37 a 50 passageiros, anunciou ontem a instalação de uma filial em São José dos Campos. Segundo o Secretário de Desenvolvimento Econômico da prefeitura local, Ramon de Castro Touron, esta será a primeira unidade industrial da Enaer fora do Chile. A empresa vai produzir no Brasil estruturas aeronáuticas que formam a empenagem dos aviões.

Com a vinda da Enaer, a Embraer fecha o ciclo de produção das principais partes da família de jatos ERJ-145 no Brasil. Também integram o programa as empresas C&D Aerospace (interiores), dos Estados Unidos, que instalou fábrica em Jacareí (SP) , Sonaca (fuselagem), da Bélgica e Gamesa (asas), da Espanha, com unidades em São José dos Campos.

A fabricante dos motores dos aviões, a inglesa Rolls-Royce, não tem produção local, mas instalou em São Bernardo do Campo (SP) um centro de serviços que está qualificado para realizar revisão e reparo das turbinas dos jatos ERJ-145. A Rolls-Royce produz para a Embraer o motor AE 3007, que impulsiona 20 variantes da família do ERJ-145, com mais de 1600 turbinas em operação no mundo.

O início das operações da Enaer no país, de acordo com o secretário Ramon Touron, está previsto para o final deste ano. Segundo Simon Adjemian, engenheiro aeronáutico da Enaer, a nova unidade terá 70 funcionários. A Enaer é parceira da Embraer desde 1993 com a produção da empenagem (conjunto aerodinâmico posterior) do ERJ-145, que representa 4% da estrutura do avião.

Segundo o secretário Ramon Touron, além da Enaer, mais quatro fornecedoras estrangeiras da Embraer negociam a instalação de filiais em São José dos Campos ainda este ano, sendo que uma delas, de origem norte-americana, será anunciada na próxima semana. Em recente entrevista, o vice-presidente de suprimentos e operações industriais da Embraer, Rogério Teperman, disse que várias empresas já anunciaram a intenção de aumentar o campo de suas atividades no País ou de instalar filiais.

Uma delas, segundo Teperman, é a alemã Liebherr, que tem participação na Eleb, empresa controlada pela Embraer, fabricante do sistema de trem de pouso dos jatos regionais da empresa. O objetivo da empresa é produzir no Brasil peças usinadas do trem de pouso auxiliar do jato 170. O trem de pouso principal é feito na Alemanha. A americana General Electric, fornecedora dos motores dos jatos 170/190, também pensa em aumentar suas atividades no Brasil, através de sua filial localizada em Petrópolis, a Celma.

Outra americana que pensa em se instalar no Brasil, segundo Teperman, é a companhia Hamilton Sundstrand, parceira de risco encarregada da produção do cone de cauda, da unidade auxiliar de força (APU) , sistemas elétricos e sistema de ar dos jatos 170/190.