Título: Deficiências e burocracia atrasam as exportações
Autor: Franci Monteles
Fonte: Gazeta Mercantil, 03/09/2004, Transporte & Logística, p. A-14

Cerca de 50% dos veículos exportados pelas montadoras estão chegando aos clientes com atraso, em razão da falta de infra-estrutura portuária e da burocracia para agilizar o escoamento dos produtos, disse o presidente da General Motors do Brasil, Ray Young.

Até o final do ano a GM vai exportar para mais de 40 países. China e México estão entre os principais mercados. Para a China, considerado mercado em potencial, os carros seguem desmontados.

Apesar de liderar o ranking de carros novos vendidos durante o primeiro semestre, com 23,3% da fatia de mercado, a General Motors não está satisfeita com o desempenho das vendas de veículos no Brasil.

Objetivo é ter lucro no Brasil

De passagem por São Luís ontem para premiar uma de suas concessionárias na capital maranhense, a Dalcar Veículos, o presidente da montadora, Ray Young, foi categórico ao afirmar que o primeiro lugar é importante, mas o objetivo é ter lucro. "Liderança e lucro, os dois são importantes. Nosso objetivo também é ter lucro no Brasil", enfatizou Ray Young.

Há sete meses à frente da montadora no Brasil, o canadense de 41 anos que assumiu a presidência da GM no país em janeiro, afirmou que as vendas de automóveis está fraca este ano no Brasil.

A previsão para 2004 é encerrar o ano com volume de 1,5 milhão de unidades vendidas no país. Para Ray Young, o mercado precisaria atingir um volume de pelo menos dois milhões de unidades. As exportações devem alcançar 600 mil unidades até o final do ano. "É preciso que se crie um mercado forte", avalia o presidente da GM, afirmando que as montadoras no Brasil estão trabalhando sem lucro.

Para tornar o mercado mais forte, de acordo com Ray Young, o Brasil precisa rever as suas taxas de juros e de impostos. No Brasil, em média 30% do preço do carro corresponde a taxa de impostos, enquanto que na Europa o índice é de 15%. Nos Estados Unidos, o índice é de apenas 6%. O País está com capacidade de produção ociosa em pelo menos 30% porque o mercado não está consumindo.

Na avaliação do gerente regional de negócios da General Motors, Wellington Carlos de Sousa, o veículo no país tem preço elevado em virtude da carga tributária, o que faz com que as empresas não sejam competitivas.

Quanto aos juros, a Selic no país alcança 6%. "O Brasil tem o segundo mais alto nível de taxa de juros", ressalta Ray Young.

Liderança no Brasil

De janeiro a julho deste ano, o mercado nacional alcançou volume de vendas de 858.810 unidades. Deste total, só a GM vendeu 199.726 unidades, com índice de 23,3%, o que deu à montadora a liderança do mercado. Atrás da GM, vieram Volkswagen, Fiat e Ford, de acordo com dados Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) com base no número de emplacamento de carros.

Em São Luís, considerado território da General Motors, a montadora vendeu de janeiro a julho o volume de 2.776 unidades, alcançando a fatia de 40,6% do mercado. Durante o período, o volume total de carros vendidos foi de 6.840 unidades.

A liderança, segundo Wellington Souza, foi fruto de muito trabalho, da parceria com a rede de concessionárias, novidades e as facilidades do Banco GM, com taxas subsidiadas.

Este ano, a GM está investindo US$ 250 milhões na fábrica de Gravataí (RS), onde é produzido o Celta. O projeto da montadora envolve a expansão da fábrica para a produção de um novo modelo, o que deverá aumentar a produção local de 120 mil para 200 mil unidades por ano.