Título: Desacelerar, meta a ser alcançada em 2004
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 06/09/2004, Terrorismo, p. A-10

O crescimento econômico da China poderá se desacelerar para a faixa dos 7% aos 8% este ano, no momento em que o governo do país tenta deter o ritmo de expansão mais acelerado dos últimos sete anos, disse o vice-ministro das Finanças chinês, Li Yong. A estimativa de crescimento ultrapassa a meta do governo de uma expansão de 7% por cento. No ano passado a economia cresceu 9,1%, seu ritmo mais acelerado desde 1996.

"Precisamos coibir determinados setores que estão superaquecidos, como o do aço e o do cimento, e ao mesmo tempo intensificar os investimentos em outros", disse Li em entrevista concedida ontem em Santiago, no Chile, onde participava de um encontro de ministros das Finanças da região da Ásia-Pacífico. "Com esse tipo de ajuste, poderemos alcançar uma taxa de crescimento adequada".

O governo da China impôs restrições ao crédito, a fim de desaquecer o crescimento, que alimentou a inflação e produziu gargalos nos transportes e escassez de energia elétrica. As observações de Li sugerem que a China está afrouxando algumas restrições e está disposta a aceitar um ritmo de crescimento mais acelerado que seu prognóstico oficial, disse Timothy Condon, diretor de Pesquisa de Mercados Financeiros Asiáticos do ING Groep, de Cingapura.

"O governo parece preocupado com uma desaceleração potencialmente excessiva no segundo trimestre e parece ter recuado de algumas das medidas de aperto administrativo", disse Condon. "A resposta foi um salto imediato da expansão dos investimentos". A economia da China cresceu 9,6% no segundo trimestre, em comparação ao mesmo período de 2003, depois que o governo impôs controles sobre os empréstimos - e se desacelerou em relação ao crescimento de 9,8% que sustentava nos três primeiros meses do ano.

Ativos Fixos

Os investimentos em fábricas, estradas e outros ativos fixos intensificaram-se em julho. Os investimentos em ativos fixos cresceram 31% nos sete primeiros meses deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, comparativamente à expansão de 23%, contabilizada em junho. O governo não deverá ter sucesso em limitar o crescimento da economia a 8%, disse Condon. "Esse tipo de crescimento implica numa desaceleração acentuada demais no segundo semestre", disse.

O governo quer estimular investimentos em transportes, geração de energia elétrica e agricultura, disse Li. A China abrandou algumas restrições aos investimentos, na intenção de estimular os bancos a continuar emprestando a projetos mais passíveis de serem lucrativos para evitar um aumento do desemprego.

Política para o câmbio

Na reunião do grupo de Cooperação Econômica da Ásia-Pacífico, os ministros das Finanças de EUA, China e 19 outros países, reafirmaram seu apoio à política de taxas de câmbio flexíveis e disseram ver com bons olhos a adoção de medidas dos países-membros para tais regimes. O comunicado foi apresentado depois da campanha empreendida pelos EUA e UE, para fazer com que a China reformule sua política cambial, que mantém a taxa de câmbio fixa em 8,3 iuan por dólar.