Título: EUA criaram 144 mil empregos em agosto
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Fonte: Gazeta Mercantil, 06/09/2004, Internacional, p. A-10

As empresas norte-americanas adicionaram 144 mil trabalhadores a suas folhas de pagamento em agosto, o maior acréscimo desde maio passado e a primeira aceleração em cinco meses, o que indica que a economia está saindo da calmaria registrada em meados deste ano. A taxa de desemprego caiu para 5,4%. O aumento do nível de emprego ocorre após o crescimento corrigido, de 73 mil trabalhadores, observado em julho, número que foi mais de duas vezes superior à cifra estimada no mês passado. O setor industrial criou 22 mil vagas e a taxa de desemprego caiu de 5,5% em julho para 5,4% em agosto.

Crescer menos, mas crescer

"Esses números são reconfortantes", disse Neal Soss, economista-chefe do Crédit Suisse First Boston de Nova York, cuja estimativa para agosto foi igual à mediana das previsões obtida em uma pesquisa da Bloomberg News, de 150 mil novas vagas. "A escalada de crescimento que tivemos no ano passado está se traduzindo num ritmo de crescimento menor, que, apesar de tudo, é crescimento". A retomada no nível de emprego pode ajudar o presidente George W. Bush, a rechaçar as críticas à política econômica de seu governo, dois meses antes das eleições. Um número maior de contratações pode reforçar as expectativas de que os responsáveis pela política monetária do Federal Reserve, o Banco Central dos EUA, aumentarão a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual pela terceira vez este ano em 21 de setembro próximo. O relatório divulgado na sexta-feira é "compatível com a noção de que o Fed deseja erradicar a acomodação e normalizar as taxas de juros a `um ritmo moderado¿", disse Soss.

A nota de 4,25% do Tesouro dos EUA, com vencimento em agosto de 2014 caiu 0.5625, fazendo com que o rendimento subisse 7 pontos-base, para 4,28 por cento, às 10:52 em Nova York. O Índice Standard & Poor''s 500 de Futuros caiu 1 ponto, ou 0,1%.

Setor de serviços: queda

Já a atividade do setor de serviços dos EUA sofreu, no mês de agosto, um esfriamento muito mais forte do que esperavam os analistas.

O índice que elabora cada mês a associação de diretores de compra do setor (ISM, sigla em inglês) ficou em agosto nos 58,2 pontos, abaixo dos 64,8 pontos de julho e dos 62,2 pontos que esperavam os especialistas. Apesar da queda, qualquer cifra acima dos 50 pontos demonstra um crescimento do setor, enquanto um in dicador abaixo desta cifra dá sinais de contração.

O ISM informou na sexta-feira, que o índice de novas ordens para a indústria não manufatureira, que explica cerca de 80 % da atividade econômica nos EUA, ficou nos 58,6 pontos em agosto, abaixo dos 66,4 de julho. O índice de emprego do setor foi no mês passado de 52,5 pontos, mais que os 50 pontos que registrou no mês anterior.

Na mesma semana, o ISM informou que a atividade manufatureira dos Estados Unidos manteve sua expansão em agosto, mas a um ritmo menor que ao de julho e também abaixo do que calculavam os especialistas. O índice de atividade manufatureira caiu aos 59 pontos em agosto, desde os 62 de julho e os 61,1 de junho, cifra menor aos 60 pontos que esperavam os analistas de Wall Street.

Pressões inflacionárias

Também em agosto, registrou-se aumento nas pressões inflacionárias, como resultado do crescimento mais acelerado nos empréstimos imobiliários e nos preços de commodities, mostrou um relatório na sexta-feira. O medidor de inflação futura do Instituto de Pesquisas de Ciclo Econômico, que antecipa oscilações cíclicas na taxa de inflação, subiu para 118,5 em agosto, ante 117,4 em julho, informou o grupo de pesquisa.

A taxa de crescimento anualizado do índice, que exclui as flutuações mensais, saltou para 3,5% cento em agosto, contra 1,7% em julho.

"O indicador de inflação futura está se aproximando da alta de março de 2004, de 119,0, portanto a inflação continua sendo uma preocupação", afirmou Lakshman Achuthan, diretor-gerente do instituto de pesquisa.

kicker: Setor de serviços teve queda e pressões inflacionárias aumentam