Título: Brasil disputará mercado de US$ 1 bi
Autor: Virgínia Silveira
Fonte: Gazeta Mercantil, 06/09/2004, Telecomunicações & Informática, p. A-13

Em sociedade com a China, o País começa a vender imagens a partir do mês de outubro. Brasil e China assinam em outubro o acordo de cooperação para iniciar a distribuição internacional das imagens do satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS-2). A observação da Terra por meio de satélites de sensoriamento remoto é o meio mais utilizado hoje no mundo para o monitoramento ambiental de grandes áreas e desastres naturais, planejamento e infra-estrutura urbana, segurança e defesa, cartografia, previsão de safras e uso do solo.

O mercado de imagens de sensoriamento remoto vem crescendo anualmente a uma taxa de 7,3%, devendo movimentar em 2004 algo em torno de US$ 1 bilhão, segundo Luiz Carlos Miranda, diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão responsável pelo gerenciamento do programa do CBERS no Brasil. O satélite norte-americano Ikonos lidera a venda de imagens nesse segmento, com uma participação de 35%, seguido pelo francês Spot, com 19%.

Aplicação em cartografia

O satélite CBERS compete na categoria dos imageadores com resolução de 3 a 30 metros, que respondem por 41% da demanda atual do mercado mundial.

As imagens produzidas nessa faixa de resolução tem aplicação maior em cartografia, monitoramento ambiental, vigilância, defesa, previsão de safras e uso do solo. "O CBERS tem potencial para abocanhar 20% desse mercado, que movimenta US$ 410 milhões por ano", diz Miranda.

O principal competidor do CBERS nesse segmento é o satélite indiano, cuja vantagem é a resolução maior, de 2,5 metros. O CBERS-2 possui três câmeras com resoluções que variam de 260, 80 e 20 metros. Os satélites da série 3 e 4 estarão equipados com imageadores mais avançados, permitindo a geração de imagens com resolução de 73, 40 e até 5 metros. O satélite indiano já conquistou uma participação de 8% no mercado internacional de imagens de sensoriamento, arrecadando algo em torno de US$ 80 milhões com a venda das imagens captadas.

Imagens pela internet

No Brasil o acesso às imagens do CBERS-2 é gratuito e pode ser obtido pela internet no catálogo de imagens disponível no site www.obt.inpe.br/catalogo. Desde o início do acesso gratuito às imagens, em junho deste ano, o Inpe forneceu um total de 22.460 imagens a usuários provenientes do território nacional. A previsão do Inpe é de que o número de imagens solicitadas seja superior a 30 mil até o final deste ano.

Entre os principais usuários que acessam o sistema de busca das imagens do CBERS estão as universidades públicas e privadas, órgãos públicos como a Embrapa, ANA, Ibama, Aneel, IPT, prefeituras, jornais, empresas de consultoria, geologia, petróleo, engenharia, aerolevantamento, topografia, saneamento, eletricidade, Codelco, Copersucar, entre outros. As empresas privadas são os maiores usuários das imagens (356), seguidas pelas entidades educacionais (208), órgãos governamentais (194) e particulares (81).

Na corrida contra o tempo de vida do satélite no espaço, estimado em dois anos, Brasil e China estudam o lançamento de um satélite idêntico ao CBERS-2. Com lançamento previsto para 2006, o satélite batizado de CBERS-2b cobriria o espaço entre uma eventual paralisação do CBERS-2, em 2006 e o lançamento do CBERS-3, programado para o ano de 2008.

Em outubro está prevista a realização de uma reunião do Comitê de Coordenação do Programa (CCP), quando então será tomada a decisão sobre a construção do CBERS-2b. O projeto tem um custo estimado de US$ 20 milhões, um valor considerado baixo, uma vez que o satélite poderá ser integrado com equipamentos e peças produzidas em duplicata para o CBERS-2, por questões de segurança e contingência.

kicker: O CBERS pode abocanhar 20% do mercado na categoria dos imageadores de 3 a 30 metros