Título: A Previ muda sua carteira de... (Pag .B1)
Autor: Mônica Magnavita
Fonte: Gazeta Mercantil, 06/09/2004, Finanças & Mercados, p. B-1

A participação no capital de empresas diminui e aumenta a aplicação em títulos federais. O presidente da Previ, Sérgio Rosa, acrescentou: "Tudo isso vai envolver uma discussão com os sócios. Se eles quiserem fechar o capital, recomprar as ações é uma opção. Se quiserem, junto com a Previ, fazer uma política de dar maior liquidez às ações, tornando a empresa mais atrativa para o mercado, com uma saída via liquidez em bolsa é outra opção. A prioridade na siderurgia é pontualmente resolver essas questões".

No caso das empresas controladas pela Arcelor, o projeto dos europeus é reunir as três siderúrgicas em uma holding, mas a Previ ainda está aguardando a apresentação do modelo final do negócio por parte dos controladores. "Podemos vender ou não, depende do que eles decidirem. Se eles forem constituir uma empresa de capital aberto, com atratividade no mercado, liquidez e boa governança, nós podemos até examinar a migração de nossas participações para a holding", disse Rosa.

O plano de enquadramento da Previ, encaminhado ao Conselho Monetário Nacional (CMN), que prevê a redução relativa dos investimentos em renda variável, foi estruturado a partir das projeções de fluxo de caixa de longo prazo e será adequado à programação de pagamentos de benefícios. "Temos capacidade financeira de fazer esse enquadramento de maneira mais cautelosa, obtendo ganhos maiores com relação à alienação dos investimentos", disse Aguiar.

Em foco, a estratégia de promover liquidez às ações remanescentes. Foi o que ocorreu com a operação de venda da Suzano Papel e Celulose e é o que está em jogo na oferta da CPFL prevista para este ano. A direção da Previ ainda não definiu o percentual de redução do capital na companhia, mas a decisão de vender já está tomada. A alternativa da Previ, nesses dois casos, foi a de realizar operações conjuntas de venda de ações com os controladores das empresas. No caso da Suzano, o fundo detinha uma participação de R$ 93 milhões em ações em junho de 2003. Pelo nível de liquidez da época, a Previ demoraria 200 dias para se desfazer da totalidade de sua posição em Bolsa na ocasião. Depois da venda, a carteira de ações na Suzano saltou para R$ 140 milhões com um prazo de alienação de 34 dias. "Ficamos com um portfólio mais saudável e mais líquido", disse Aguiar.

Segundo o diretor da Previ, o fundo ainda está avaliando a posição em relação à Suzano Petroquímica. "Petroquímica é um segmento carente, muitos investidores gostariam de ter mais ativos do setor. É razoável pensar que um processo como esse seria interessante sob o ponto de vista de diversificar a base de acionistas. Estamos analisando e vamos dar uma posição nas próximas semanas", disse Aguiar. Os controladores, conforme o vice-presidente da Suzano Holding S.A., João Nogueira Batista, adotaram medidas para aumentar a liquidez das ações da petroquímica. Em agosto, a holding adquiriu os 12,8% do capital total da empresa que controla as participações petroquímicas do grupo Suzano, que inclui a Rio Polímeros, Polibrasil, Petroflex e Politeno, em mãos do JP Morgan e do Citibank. Com isso, a holding passou a deter 81,58% das ações preferenciais da Suzano Petroquímica, além da totalidade das ações ordinárias.

A redução da participação em renda variável implicará aumento dos investimentos em renda fixa, basicamente em títulos públicos federais indexados aos índices de inflação, e em papéis de empresas, como debêntures. No setor imobiliário, a Previ tem aplicados R$ 2,8 bilhões. No ano passado, foram vendidos 108 imóveis no valor de até R$ 3 milhões. Em 2004, 45. Os planos, no momento, são de ampliar a participação em shopping centers com boa rentabilidade e títulos com lastro imobiliário.

Neste segundo semestre, a direção da Previ começará a contar um sistema de gestão de ativos e passivos, o chamado sistema ALM, da sigla em inglês Asset Liability Management. Sua função é projetar a melhor maneira de equilibrar os investimentos com os compromissos futuros de pagamentos de benefícios e, com isso, orientar a política de investimentos. "No passado, esses investimentos foram feitos sem a perspectiva de quando estariam disponíveis para cumprir as obrigações de pagamento dos associados", disse Sérgio Rosa. Agora, conforme Carlos Aguiar, se o programa for seguido à risca e o cenário macroeconômico desenhado pela Previ se confirmar - de um crescimento médio anual de 3,5% nos próximos anos - será possível até mesmo aumentar o valor dos benefícios.

Na semana passada, a Previ reuniu cerca de 250 conselheiros administrativos e fiscais e um total de 421 executivos em Costa do Sauípe, um empreendimento turístico com cinco hotéis em 1,7 milhão de metros quadrados na costa verde baiana, a 100 quilômetros de Salvador. Só em titulares, a Previ nomeou 142 conselheiros para os conselhos de administração e outros 87 para os conselhos fiscais. Maior caixa de previdência da América Latina, a Previ conta hoje com 134 mil associados, entre aposentados e ativos, além dos 17,8 mil pensionistas. Tem investidos R$ 32,5 bilhões em 175 empresas brasileiras.