Título: Um novo patamar com a China
Autor: Rothenburg, Denise
Fonte: Correio Braziliense, 17/04/2011, Política, p. 6

Entrevista Fernando Pimentel

Enviada especial

Xian ¿ Integrante da comitiva da presidente Dilma Rousseff, o ministro Fernando Pimentel volta ao Brasil com a sensação de que vender produtos de valor agregado para a China é questão de tempo. Nesta entrevista, ele elenca o que considerou mais positivo na área e avisa: ¿A China compreendeu e vai mudar seu patamar de investimentos no Brasil¿.

O que o senhor destacaria como principal ponto da viagem? Acho que, de uma maneira geral, houve um destravamento do comércio entre Brasil e a China. Isso é claramente visível. Por exemplo, a exportação de carne suína estava parada e foi autorizada agora.

Mas os empresários reclamaram. Disseram que ficou aquém das pretensões em número de empresas autorizadas... Mas aí é preciso entender um pouco como a China funciona. A China tem uma tradição de cinco mil anos de império. Eles não fazem nada de uma vez só. É tudo aos poucos, de maneira pensada, gradual. Tenho certeza de que abrimos a porta e, por ela, vamos conseguir passar quantidades expressivas daqui para a frente de exportação. E não só de carne suína.

Que outras áreas? Conseguimos a autorização de compra dos aviões da Embraer, 35. Virão mais. Tenho certeza de que, ao longo do ano, outras autorizações serão dadas. Tivemos ainda a autorização do funcionamento da fábrica. Na verdade, para voltar a funcionar a fábrica da Embraer, desta vez com o Legacy. O 145 era um avião médio, de 50 lugares, que ficou inviável. As empresas hoje ou compram aviões maiores que o 145 ou jatos executivos, como o Legacy, para 12 ou 15 passageiros. É o avião ideal para a China, um país grande que está crescendo. Além disso, conseguimos a missão comercial chinesa que vai ao Brasil em maio para comprar produtos de maior valor agregado.

O senhor acha possível essa substituição de commodities por produtos de maior valor agregado do Brasil ou os chineses vão continuar comprando commodities? Não é substituir. É agregar valor nas commodities. Por que vender só o minério de ferro? Por que não transformá-lo em produtos siderúrgicos básicos?

O senhor acha que o Brasil está preparado para vender esses produtos à China? O presidente da CNI tem dito que o Brasil tem que se preparar para esse salto... É um processo. Estamos fazendo tudo ao mesmo tempo. Pedalando a bicicleta e consertando. É assim mesmo. Somos um país que hoje ainda tem deficiências graves de infraestrutura, mas todas essas deficiências estão identificadas e há condições de resolvê-las. Temos engenharia e não falta financiamento. É uma questão de tempo. Podemos e devemos investir nessa direção. Os chineses entenderam e querem mudar o patamar de investimentos no Brasil. Querem se tornar sócios de empresas brasileiras. Não tenho a menor dúvida de que alcançamos os objetivos em todos os campos.