Título: A criação de búfalos ganha espaço em Santa Catarina....
Autor: Juliana Wilke
Fonte: Gazeta Mercantil, 06/09/2004, Gazeta do Brasil, p. B-13

No estado são abatidas 13 mil cabeças de gado bubalino por ano, que geram uma receita de R$10,4 milhões. A criação de búfalos em Santa Catarina cresce mais do que a de bovinos. Essa atividade pecuária cresce em torno de 12% ao ano, enquanto a criação de bovinos cresce em média 3%, assegura a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc). O rebanho catarinense de búfalos é de 60 mil cabeças, com maior concentração na região do Alto Vale, mas estudos comprovam que a adaptação dos animais é possível em todas as regiões do estado. O presidente da Associação Catarinense de Criadores de Búfalos, Ademir José Vieira, afirma que são abatidas 13 mil cabeças por ano, que geram uma receita de R$ 10,4 milhões.

Santa Catarina ocupa a sétima posição no ranking brasileiro de criação de búfalos. No País existem 3,5 milhões de cabeças. A região Norte abriga o maior rebanho, com cerca de 1,6 milhão de cabeças.

O primeiro registro de um rebanho bubalino no Brasil é datado de 1890, na Ilha de Marajó. Em Santa Catarina, a atividade foi introduzida pelo produtor rural João de Araújo Vieira, de Lages, em 1930. Em 1979, foi criada a associação catarinense, que atualmente reúne em torno de 1.600 criadores e tem o apoio operacional, logístico e financeiro da Faesc.

Em duas décadas de atuação, a associação organizou-se em oito núcleos regionais ¿ Oeste, Serrano, Sul, Grande Florianópolis, Alto Vale, Médio Vale, Planalto e região de Itajaí. Vieira ressalta que apesar de a arroba do búfalo ser mais barata do que a do bovino, o preço final da carne é mais alto. A arroba do boi gordo em Florianópolis (cotação de 03/09) custa R$ 57,00 enquanto que a do búfalo é vendida por R$ 53,00. No supermercado, no entanto, o quilo das partes nobres do búfalo, como a alcatra, sai por R$ 10,98 e a do boi por R$ 8,90. "Alguém está ganhando com isso", diz Vieira.

O diretor da associação de criadores, Arno Philippi, expõe algumas das vantagens que fazem da criação de búfalos uma das atividades que apresentam maior índice anual de crescimento. A fêmea de búfalo reproduz dos dois aos 25 anos, todos os anos, enquanto a fêmea de bovino, de dois em dois anos só até 10 anos de idade.

Um búfalo de 2 anos pesa o mesmo que um boi de 4 anos, reduzindo pela metade o tempo de abate. O custo com medicamentos é 90% inferior numa criação de búfalos, sendo necessário somente a dose de vermífugo e remédio para piolho quando a propriedade não contar com água para banho dos animais.

O retorno dos investimentos para um período de 10 anos, considerando-se um reprodutor e dez fêmeas, é de 9,8% para os bovinos e de 126% para os búfalos. Outro benefício do rebanho bubalino é que os búfalos não selecionam alimentação, enquanto o bovino escolhe pastagem pela palatabilidade e maciez, exigindo mais gastos com alimentação, de acordo com estudos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC.

Todos os tipos de queijo podem ser produzidos; o mais popular é a muzzarela. Para fazer um quilo de queijo de leite de búfala, são precisos 6 litros de leite, metade do necessário para fazer um quilograma de queijo com o leite de vaca. Em Santa Catarina já existem três laticínios para o processamento de leite de búfala.