Título: Dólar cai 0,55% e o BC decide pelo resgate integral de cambiais
Autor: Alessandra Bellotto
Fonte: Gazeta Mercantil, 08/09/2004, Finanças & Mercados, p. B-1

A segunda-feira foi marcada pelo volume restrito de negócios no mercado financeiro, por conta do feriado nos Estados Unidos (Dia do Trabalho) e por ser véspera do Dia da Independência aqui no Brasil. Ainda assim, o mercado de câmbio manteve a trajetória de queda. No final da sessão, o dólar cedeu 0,55%, a R$ 2,912.

"Sem grandes novidades, o dia foi bem tranqüilo", definiu o chefe da Mesa de Operações do Banco Santos, Rodrigo Boulos. Segundo ele, o comportamento do dólar não podia ser diferente, em função da expectativa de entradas tanto via segmento comercial quanto financeiro. "Para esta semana, deve-se ouvir algo mais forte sobre novas emissões. O risco em 511 pontos é um patamar bem razoável para o Brasil e empresas captarem recursos", afirmou. Para ele, o dólar pode voltar a testar os R$ 2,90.

Como a tendência para a moeda é de baixa, não há procura por "hedge" cambial. Tanto é que o Banco Central decidiu resgatar integralmente o US$ 1,073 bilhão em títulos e "swaps" cambiais que vencem no dia 16 de setembro. Com a operação, a autoridade mantém a estratégia de redução do estoque cambial da dívida pública e o volume de resgates no ano sobe para US$ 24,456 bilhões.

Boulos destacou ainda que as taxas de juros americanas continuam em nível baixo, o que torna os papéis brasileiros bem atraentes aos olhos dos investidores estrangeiros. Os títulos de dez anos pagavam cerca de 4,30% ao ano na segunda-feira. E devem oscilar, segundo ele, entre 4,10% e 4,50%.

No comércio exterior, o Brasil continua destacando-se. Em apenas três dias úteis de setembro, a balança comercial registrou superávit de US$ 551 milhões. No ano, montante acumulado passa a US$ 22,502 bilhões. Para o final de 2004, o governo estima superávit de US$ 30 bilhões. Já os agentes de mercado elevaram a projeção para US$ 31 bilhões, segundo a pesquisa realizada pelo Banco Central.

O boletim Focus apontou ainda nova deterioração nas expectativas de inflação para 2004 e 2005, além da revisão para cima das estimativas para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), de 4% para 4,23%. O que refletiu em um ajuste na curva de juros futuros na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), amparado na possibilidade de elevação da Selic para conter a inflação. "A curva não mexeu muito. O mercado ainda ficará de olho nos números de inflação que serão divulgados nesta semana, a fim de antecipar a decisão do Copom", disse Boulos.

O DI de janeiro de 2005, o mais líquido, indicou juro de 16,75% ao ano, ante os 16,70% da sexta-feira passada. O movimento foi de apenas R$ 3,1 bilhões. A taxa projetada pelo contrato de abril de 2005 passou de 17,30% para 17,36%.

O petróleo - outra variável acompanhada de perto pelos investidores - deu uma trégua na segunda-feira. O barril do tipo Brent fechou com baixa de 1,47%, a US$ 40,62.