Título: Amazônia quer ampliar negócios com o Mercosul
Autor: Raimundo José Pinto
Fonte: Gazeta Mercantil, 08/09/2004, Gazeta do Brasil, p. B-11

Objetivo da Câmara Argentino-Amazônica é ampliar as importações e com isso reduzir o valor do frete das exportações. A Câmara de Comércio Internacional Argentino-Amazônica foi lançada em Belém na semana passada com o objetivo de estudar as possibilidades de desenvolvimento do comércio dos estados amazônicos entre si e deles com a Argentina e o mundo. A Câmara Argentino-Amazônica vai incentivar a aproximação dos empresários da Amazônia com os parceiros do Mercosul, que têm uma relação comercial ainda muito incipiente.

No caso do Pará, por exemplo, as exportações para a Argentina este anos atingiram apenas US$ 45 milhões, embora tenham crescido 87% nos sete primeiros meses de 2004 em comparação ao mesmo período do ano passado. A maior parte desses recursos foi obtida com a alumina calcinada (US$ 35 milhões), vindo em seguida o ferro, a pimenta-do-reino e o silício.

Já as importações paraenses dos argentinos, entre janeiro e julho deste ano, ficaram em US$ 15,8 milhões, um crescimento de somente 1,53% em relação aos sete primeiros meses de 2003. E o trigo representou mais de 90% das vendas da Argentina para o Pará.

Importar mais

A necessidade de aumentar não apenas as exportações paraenses, mas principalmente suas importações foi um ponto de destaque do lançamento da Câmara, realizada no Centro Cultural Tancredo Neves (Centur), num auditório muito grande para a pequena platéia presente ao evento. O secretário de Indústria , Comércio e Mineração do Pará, Ramiro Bentes, lembrou que enquanto as exportações paraenses em 2003 chegaram a US$ 2,6 bilhões, as importações não passaram de US$ 300 milhões.

Isso, segundo Ramiro Bentes, causa enormes dificuldades para a logística de transporte, pois as companhias marítimas são obrigadas a comprar fretes mais elevados para compensar a vinda de navios com pouca carga para os portos paraenses. Além disso, boa parte dos produtos de fora, consumidos no estado, entra através de outros centros, principalmente São Paulo, o que faz com que o Pará deixe de arrecadar impostos.

Ele ressaltou que o estado é grande consumidor de azeite português mas não importa uma gota sequer desse produto, entrando tudo por outros portos brasileiros. Por isso o governo estadual está incentivando a formação de um clube de importadores.

Compras potenciais

O embaixador da Argentina no Brasil, Juan Pablo Lohlé, disse que seu país e outros do Mercosul têm muitos produtos que poderiam estar sendo adquiridos pelos estados amazônicos mas que hoje estão sendo importados de outros continentes. Se alguns desses produtos viesse diretamente para o Pará e não através de São Paulo, segundo ele o custo do transporte seria em torno de 30% mais barato. "O Mercosul tem que vir diretamente para o Norte", disse Lohlé.

Ele confirmou o que já havia anunciado numa audiência no mesmo dia com o governador Simão Jatene, de que nos dias 27 e 28 deste mês será realizado em Belém o Encontro Amazônia Patagônia: Uma verdadeira integração, com representantes das universidades do Pará e da Patagônia.

O evento deverá reunir professores, reitores, cientistas, políticos e empresários do Brasil e da Argentina. Juan Pablo Lohlé disse ainda que a Amazônia e a Patagônia possuem afinidades em relação à rica biodiversidade e que todas as atenções do mundo estão voltadas para esse assunto.

O presidente da Câmara de Comércio Internacional Argentino-Amazônica, Eduardo Javier Muñoz, informou que outra reunião será realizada 3 e 4 de novembro em Buenos Aires.