Título: Lessa defende a idéia da Fiesp e CUT
Autor: Lívia Ferrari
Fonte: Gazeta Mercantil, 09/09/2004, Política, p. A-7

A proposta é recorrente desde a eleição do presidente Lula, mas nunca foi levada adiante. Ao contrário do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Carlos Lessa, revelou-se favorável à implementação de um contrato social para impedir o aumento da inflação, conforme proposta formulada pela Central Unica de Trabalhadores (CUT) junto com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

"Sonho com a idéia de um acordo social para segurar a inflação. Ao segurar a inflação, a taxa de juros cai", disse Lessa, ressaltando, porém, que esta é uma questão onde empresas e sindicatos têm que pactuar uma postura comprometida em conter o processo inflacionário. "Torço para isso ser possível; é muito positivo que as entidades patronais e sindicais estejam começando a falar nisso", ressaltou o presidente do BNDES, , lembrando que o tema pacto social sempre apareceu no debate brasileiro como uma questão ou de professor universitário ou de homens públicos. "Mas na boca de empresários e sindicalista é um passo a frente. Não é fácil fazer, mas é fundamental".

Lessa entende que o esperado crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) acima de 4% este ano terá impacto direto sobre a carteira de investimentos do BNDES. "À medida que a capacidade ociosa das empresas vai sendo ocupada, os diretores das empresas começam a ficar nervosos, porque, se o mercado continuar a crescer, e ele não expandir, vai perder posição no mercado. Do ponto de vista do BNDES é muito interessante que a taxa de crescimento da economia seja maior, porque estimula os empresários a tomarem decisão de investir", afirmou Lessa.

Segundo o presidente do BNDES, as grandes empresas ainda não chegaram ao banco com vigor. "Elas continuam espiando, mas devem estar cada vez mais inquietas porque o mercado continua crescendo", afirmou, na expectativa de novos projetos.

O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, e o vice-presidente da Caixa Econômica Federal (CEF), João Carlos Garcia, assinaram, ontem, convênio no valor de R$ 300 milhões para financiamentos de capital de giro e desconto de títulos de pequenas e micro empresas fluminenses.

Na próxima quarta-feira, a Caixa Econômica Federal (CEF) vai lançar nova linha de financiamento no valor de R$ 200 milhões para revitalização de áreas urbanas centrais e sítios históricos, com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Voltada para pessoas físicas e jurídicas, a nova linha apoiará a recuperação de imóveis localizados em centros urbanos degradados.

No primeiro semestre deste ano, durante um jantar com empresários de São Paulo, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, ventilou a idéia de propor um pacto entre governo, empresários e trabalhadores por um período de dois anos. Mas dias poucos dias após o encontro, a iniciativa foi abandonada, da mesma forma como ocorreu na transição de Fernando Henrique para Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto.