Título: Dólar segue risco e cai a R$ 2,901
Autor: Silvia Araújo
Fonte: Gazeta Mercantil, 09/09/2004, Finançass & Mercados, p. B-1

A taxa de risco brasileira abaixo dos 500 pontos patrocinou maior demanda para os bônus soberanos lançados pelo governo no mercado europeu. Com os bons ventos, o dólar recuou, o C-Bond e a bolsa subiram. Segundo comentou-se pelas mesas de operações, a demanda para a emissão de ¿ 500 milhões pode ter passado, facilmente, de ¿ 1 bilhão, mas o governo optou por fechar a oferta em ¿ 750 milhões. Desde que o risco-Brasil, medido pelo J.P. Morgan, começou a testar um patamar inferior a 500 pontos, o mercado já vinha cogitando a possibilidade de uma captação da República. O Brasil decidiu pela operação quando o risco atingiu o ponto ideal.

Em resposta à expectativa de entrada de moeda estrangeira, com reforço extra às reservas internacionais, o dólar comercial chegou a ser cotado abaixo de R$ 2,90 pela primeira vez em cinco meses, para fechar o dia em R$ 2,901.

A tendência de queda nos preços da divisa pode se sustentar nos próximos dias, em razão de novas captações privadas que devem ocorrer a partir da referência obtida com a colocação soberana. Ontem mesmo, o mercado comentava sobre uma emissão de até US$ 750 milhões por parte da Petrobras, oferta que teria registrado demanda de US$ 1,2 bilhão.

As emissões também favoreceram o avanço das cotações dos principais papéis da dívida brasileira. O C-Bond subiu mais de 1%, sendo negociado a 98,5% do seu valor de face.

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) acompanhou o comportamento do câmbio e do risco. O Ibovespa fechou o dia em alta de 0,15%, aos 22.534 pontos.

Esse entusiasmo não foi suficiente para frear as expectativas negativas dos investidores em relação à inflação e, conseqüentemente, sobre a política monetária de curto prazo. Analistas dizem que os preços estão subindo no atacado e o repasse para o varejo já existe, embora sensível.

Para manter a convergência dos preços para a meta e evitar inflação de demanda, a percepção é de que BC pode elevar a Selic na semana que vem. No leilão de títulos públicos, os participantes do mercado pediram prêmios elevados. O Tesouro vendeu integralmente o lote de prefixados com vencimento em julho de 2005, mas recusou as taxas pedidas para os papéis com resgate em janeiro de 2006. Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o contrato de juro de janeiro projetou 16,78%, ante 16,75% de segunda-feira.