Título: As chaves da sustentabilidade
Autor: Mônica Magnavita
Fonte: Gazeta Mercantil, 10/09/2004, Primeira Página, p. A-1

Inovação e produtividade valem mais que investimento, dizem economistas. A chave para a manutenção de um crescimento sustentável da economia brasileira superior a 6%, a médio prazo, não está no aumento do investimento físico, mas na inovação e na alta da produtividade, das exportações e do chamado capital humano. A curto prazo, no entanto, a realização de reformas, como a política, tributária e da Previdência, com vistas a estimular o investimento, pode levar o País a gerar taxas de crescimento superiores a 5%.

Essa é a avaliação do economista-chefe do Banco Mundial, Mark Thomas, feita ontem durante o Mini Fórum Nacional, promovido pelo Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae), organizado pelo ex-ministro João Paulo dos Reis Velloso. O debate sobre crescimento reuniu economistas como Antônio Barros de Castro e Francisco Eduardo Pires de Souza - professores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) - e Paulo Levy, do Ipea.

Thomas, que chegou a ser mal-interpretado quando citou o bom desempenho de economias em países com regimes autoritários, como exemplo de que não há receitas prontas para estimular a expansão da atividade, chamou a atenção para o fato de que a história recente do Brasil sugere que o crescimento a 6% virá à custa de uma desigualdade crescente, caso não haja uma política clara de inclusão social. Para evitar esse problema, algumas medidas deveriam ser tomadas. Entre elas, a universalização do ensino médio, uma reforma mais ampla da Previdência e uma mudança no sistema tributário, passando de um sistema de impostos indiretos para um regime de tributação direta.

O professor Barros de Castro disse que não há uma linha para uma rápida retomada, mas considera que pode estar se formando uma conjugação de fatores que leve o Brasil para um crescimento veloz. "As receitas de bolo não se encaixam no projeto brasileiro. É preciso respeitar as idiossincrasias de cada país e estimular que encontrem as vocações para o crescimento", disse o professor Castro. No caso brasileiro, uma dessas idiossincrasias é a diversificação industrial.