Título: AIE diz que países consumidores estão bem abastecidos
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Fonte: Gazeta Mercantil, 10/09/2004, Energia, p. A-6

A Agência Internacional de Energia (AIE), que atua como consultora para 26 países industrializados em assuntos ligados ao petróleo, disse que os preços do produto podem cair para menos de US$ 40 o barril porque os países consumidores estão bem abastecidos de petróleo bruto e os estoques estão aumentando. A produção mundial média de agosto foi de 83,6 milhões de barris por dia, 300 mil barris a mais do que em julho e 2,6% a mais do que a demanda prevista para este trimestre, disse a agência, cuja sede fica em Paris.

Os países industrializados têm atualmente uma quantidade de petróleo armazenada 0,3% maior do que no ano passado. "Os estoques parecem estar com uma boa folga e isso deve começar a pressionar os preços para baixo", disse Adam Sieminski, estrategista para o setor de petróleo do Deutsche Bank de Londres. "A Opep deve pensar duas vezes antes de aumentar suas cotas."

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo, que já está produzindo um volume próximo de sua capacidade máxima, se reunirá na próxima semana para decidir sobre a produção para o quarto trimestre deste ano. O preço do petróleo bruto em Nova York tem se mantido acima de US$ 40 o barril nas últimas oito semanas, em meio ao crescimento recorde da demanda e ao receio de que os produtores não têm capacidade ociosa para compensar quaisquer interrupções no abastecimento.

"O mercado atual está bem abastecido de petróleo bruto", disse a AIE em seu relatório de setembro sobre o mercado de petróleo. "A oferta está maior do que a demanda e os estoques estão aumentando." A AIE manteve suas previsões para a demanda mundial este ano, alegando que o consumo sofrerá um aumento de 2,52 milhões de barris/dia, passando a 82,16 milhões. O crescimento do consumo terá uma desaceleração no ano que vem, registrando um aumento de 1,77 milhão de barris/dia, para 83,92 milhões.

Lei da oferta e da procura

A AIE, que quase nunca faz comentários sobre cotações específicas do petróleo, disse que o produto não deve manter o preço de US$ 40 ou mais por barril. O Instituto Oxford para Estudos sobre Energia, grupo de especialistas do Reino Unido, criticou a AIE após o relatório de agosto, que parecia sugerir que os preços estavam acima do que permitia a lei da oferta e da procura.

"Sugerir a manutenção de cotações na casa dos US$ 40 ou mais pressupõe que a oferta e a procura não reagem aos preços, que a tecnologia chegou a seu limite, que os governos são incapazes de implantar e manter políticas energéticas, que as recessões são coisa do passado e que a demanda chinesa por petróleo crescerá desenfreadamente para sempre", disse a AIE em seu relatório.

Os preços recordes não se mostraram, até agora, capazes de desacelerar a demanda por petróleo, disse a agência. A previsão é que a demanda do próximo trimestre deve aumentar 2,2%, ou 1,8 milhão de barris/dia, um crescimento menor do que os 5% do segundo trimestre de 2004.