Título: Cúpula do PFL entra no jogo para eleger Cadoca como prefeito
Autor: Ângelo Castelo Branco
Fonte: Gazeta Mercantil, 10/09/2004, Política, p. A-7

A candidatura do deputado Carlos Eduardo Cadoca (PMDB) à prefeitura do Recife recebeu, ontem, uma injeção de ânimo com a visita da cúpula nacional do PFL na capital pernambucana. Representante da aliança firmada pelas siglas PMDB-PFL-PSDB, Cadoca foi o alvo do encontro político com as presenças do senador Jorge Bornhausen, dirigente nacional pefelista, e dos senadores Romeu Tuma (SP), Marco Maciel (PE), Jose Jorge (PE), José Agripino Maia (RN), e dos deputados federais José Carlos Aleluia (BA), Inocêncio Oliveira (PE), do ex-ministro Gustavo Krause e também do presidente do PFL pernambucano, deputado André de Paula.

Jorge Bornhausen explicou que a direção nacional do partido está realizando visitas aos candidatos a prefeitos das capitais, onde a legenda tem candidatos, e disse ainda que os resultados da aliança firmada em Pernambuco são positivos tanto no âmbito partidário quanto nos aspectos administrativos. "A aliança de Marco Maciel com o governador Jarbas Vasconcelos é uma receita de sucesso", comemorou.

O grupo havia cumprido uma agenda semelhante no Ceará e no Piauí. Bornhausen não poupou críticas ao governo federal que, segundo suas opiniões, "vende ilusões" e comemora um crescimento desprezível da economia, da ordem de 3,5%, quando as nações emergentes estão crescendo com taxas superiores a 7% no resto do mundo.

O dirigente pefelista condenou com veemência as ações de marketing praticadas pelo PT nacional "que de maneira perdulária vem castigando o País". Para ele, o Executivo cria despesas inúteis com ministérios para abrigar políticos derrotados, aumenta a carga tributária e não tem um projeto capaz de inverter as tendências ao desemprego e ao desequilíbrio social".

Durante entrevista coletiva no comitê do candidato Cadoca, que segundo o Ibope está com 12 pontos percentuais abaixo do prefeito candidato à reeleição, João Paulo, do PT, Bornhausen disse que eleição "é tempo de comparação e o que temos feito é comparar os resultados desastrosos colhidos pelo governo federal diante das expectativas e das necessidades do País".

Na opinião do senador catarinense, o Brasil não tem um gerente e criticou alguns gestos do presidente Lula. "Sabe-se lá em nome de quem ele perdoou uma dívida de R$ 38 milhões para um ditador - referindo-se ao presidente de Moçambique, Joaquim Alberto Chissano - e limita-se a fazer metáforas com linguagens de futebol diante de uma sociedade perplexa com um quadro econômico desalentador". "O PFL está cumprindo a sua missão de oposição responsável sem utilizar chavões e nem palavras de ordem incitando greves e protestos predatórios. Vamos intensificar as fiscalizações com apoio mais sensível da opinião pública e retomar os caminhos do desenvolvimento com justiça social e dias melhores para todos os cidadãos brasileiros", afirmou Bornhausen. Instigado sobre o quadro eleitoral em São Paulo, onde a prefeita Marta Suplicy disse que a vitória do candidato José Serra poderia deflagrar uma crise no país, o presidente do PFL foi irônico: "vai provocar sim, mas é uma crise de choro na prefeita".