Título: Crescimento do PIB pode ser menor
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Fonte: Gazeta Mercantil, 10/09/2004, Internacional, p. A-10

A alta dos preços dos combustíveis está fazendo com que os economistas reduzam suas previsões para o crescimento dos Estados Unidos no terceiro e no quarto trimestres de 2004, segundo mostrou a pesquisa mensal realizada pela Bloomberg News. A maior economia mundial deverá ter um crescimento anualizado de 3,7% de julho a setembro, mais lento que os 3,9% estimados no mês passado, segundo a mediana das 61 estimativas da pesquisa.

Nos últimos dois meses, os economistas reduziram em meio ponto percentual as projeções para o terceiro trimestre. "Já estamos observando o impacto desfavorável da alta dos preços do petróleo", disse Kathleen Camilli, fundadora da Camilli Economics de Nova York. Os economistas estão "surpresos com a dimensão do impacto da alta dos preços do petróleo sobre o estado de espírito do consumidor e, conseqüentemente, sobre gastos".Os preços do petróleo subiram quase 33% este ano, devido ao receio do desabastecimento, que puxou o custo da gasolina e de outros combustíveis e diminuiu o total disponível para outros gastos no orçamento dos consumidores. A alta dos preços do petróleo contribuiu para um salto de 1,7% dos preços dos bens e insumos importados pelos EUA em agosto, sua maior alta desde fevereiro de 2003, segundo informou ontem o Departamento de Trabalho.

"Os preços do petróleo continuam a ser um fator imprevisível na economia", disse Jack Guynn, presidente do Federal Reserve de Atlanta. As taxas de juros dos EUA poderão elevar-se em 0,5% e representar, mesmo assim, apenas um "ajuste modesto", disse ele.

Richard Berner, economista-chefe do Morgan Stanley e Ethan Harris, que ocupa o mesmo cargo no Lehman Brothers, reduziram no mês passado suas previsões de crescimento para o país no segundo semestre. Berner e seu colega David Greenlaw baixaram ontem sua projeção para o PIB dos EUA, de julho a dezembro, para a taxa anualizada de 4,2%, a partir dos 4,8% anteriores.

A economia americana ainda está crescendo mais rápido do que a expansão média anual de 3,3% computada nos últimos 50 anos, e sua expansão deverá se acelerar para 4% nos últimos três meses de 2004, disseram economistas na sondagem realizada pela Bloomberg News entre 30 de agosto e 8 de setembro. No mês passado, os economistas previram um crescimento de 4,1% no quarto trimestre. "Não se trata de uma economia às vésperas da recessão", disse Kurt Karl, economista-chefe da Swiss Re Asset Management de Nova York. "É uma economia que se desacelerou a partir de um crescimento insustentavelmente acelerado", disse Karl, que reduziu sua projeção de crescimento de 4 para 3,4%.