Título: Chechenos oferecem US$20 milhões por Putin
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Fonte: Gazeta Mercantil, 10/09/2004, Internacional, p. A-10

Rebeldes chechenos prometeram ontem dar US$ 20 milhões, para quem os ajudar a capturar o presidente russo, Vladimir Putin. No dia anterior, o governo da Rússia oferecera uma recompensa de US$ 10 milhões por informações que levem à localização dos dois principais líderes chechenos, Aslan Maskhadov e Shamil Basayev. "Oferecemos uma recompensa de US$ 20 milhões a países, organizações ou indivíduos que dêem à república chechena auxílio para deter o criminoso de guerra Vladimir Vladimirovich Putin", disse um comunicado exibido em sites de rebeldes.

A declaração foi assinada pelo "centro antiterrorista da República da Chechênia", parte do governo não-reconhecido de Maskhadov. O comunicado acusa Putin de lançar uma guerra contra a Chechênia e de ser responsável pela tomada de uma escola na cidade de Beslan, que acabou com a morte de pelo menos 326 pessoas.

Maskhadov, relativamente moderado, entre os separatistas chechenos que lutam contra a Rússia há 10 anos, negou envolvimento no caso da escola. Basayev ainda não comentou o assunto, mas especialistas dizem que o ataque tem todos os sinais de sua liderança.

Ex-inimigos da Guerra Fria

Em Moscou, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, acusou o Ocidente de usar dois pesos e duas medidas na questão do terrorismo, apontando para uma crescente desavença entre os ex-inimigos da Guerra Fria. Segundo o ministro em entrevista ao jornal Vremya Novostei, o Ocidente "precisa livrar-se de sua lógica de antagonismo herdada da Guerra Fria e cooperar mais com os serviços de segurança russos na luta contra o terrorismo global".

A Rússia também mostrou-se indignada com o fato de a Grã-Bretanha e os Estados Unidos darem asilo a porta-vozes de Aslan Maskhadov, líder separatista chechênio. "Gostaria de usar um termo neutro: trata-se de um caso de dois pesos e duas medidas", disse Lavrov. A Rússia compara o episódio de Beslan a outros ataques do "terrorismo internacional", como os ocorridos em 11 de setembro de 2001 em Nova York e Washington ou as bombas em trens de Madri, em março deste ano.