Título: Dólar estável fecha em R$ 2,90; risco fica abaixo dos 500 pontos
Autor: Silvia Araújo
Fonte: Gazeta Mercantil, 10/09/2004, Finanças & Mercados, p. B-1

O mercado doméstico mais uma vez mostrou que a melhora das notas de crédito atribuídas pelas agências de rating ocorrem com certa defasagem. A elevação da classificação dos títulos da dívida brasileira em moedas local e estrangeira, pela agência Moody''s, foi um exemplo disso. Logo após a divulgação da notícia, os principais mercados reagiram favoravelmente. Depois, ao verificarem que se tratava apenas de uma correção, os negócios retomaram a tendência natural do dia.

Os especialistas consultados pela InvestNews disseram que a Moody''s apenas corrigiu, tardiamente, uma defasagem em relação às demais agências classificadoras. As novas notas ficaram em linha com as atribuídas por instituições como a Standard & Poor''s e a Fitch.

Agora, os investidores esperam que essas outras agências - que já davam ao Brasil uma classificação melhor do que a da Moody''s - também elevem as notas. No mês passado, a diretora da S&P no Brasil, Regina Nunes, disse que uma melhora das notas do País tenderia a acontecer apenas em 2005.

Dos principais ativos brasileiros, os mais favorecidos pela melhora do crédito foram os títulos da dívida externa. O C-Bond foi negociado a 98% do seu valor de face e a cesta de papéis ponderada pelo JP Morgan levou a taxa de risco a permanecer abaixo dos 500 pontos, embora tivesse subido um pouco.

No mercado doméstico, o dólar continuou respondendo às expectativas de entradas de recursos das captações soberanas, da Petrobras e de outras empresas, além do fluxo comercial. A moeda norte-americana fechou a R$ 2,90, com discreta queda de 0,03%. O mercado também espera, assim como o Banco Central, uma maior entrada de recursos de investimentos estrangeiros diretos (IED), com a conclusão da associação entre a AmBev e a Interbrew. A previsão é de que o IED feche o ano em US$ 12 bilhões.

As taxas de juros apontaram estabilidade no mercado futuro, mantendo apostas de aumento da Selic na virada do mês. O contrato que reflete essa expectativa, o de outubro, indicou juro de 16,03% para o último dia de setembro. O vencimento de janeiro indicou 16,78% para a virada do ano.