Título: Indústrias do Nordeste buscam novos mercados
Autor: Adriana Thomasi
Fonte: Gazeta Mercantil, 10/09/2004, Gazeta do Brasil, p. B-14

Na feira de supermercados, expositores nordestinos prospectam negócios no Sul e no Sudeste. A possibilidade de expandir negócios para as regiões Sul e Sudeste leva oito empresas nordestinas à Expo Abras 2004, considerada a maior feira de supermercados da América Latina e a segunda maior do mundo no setor. Nutriday (farináceos) e Ita (sal), ambas do Rio Grande do Norte; Pilar (massas) e Agroara (doces), ambas de Pernambuco; Coringa (café e outros), de Alagoas; Brasfrut (polpa de frutas), da Bahia; Frisa (carnes processadas), da Bahia, Minas Gerais e Espírito Santo, e Jandaia (sucos tropicais), do Ceará exibem seus produtos em 100 metros quadrados do estande do Banco do Nordeste do Brasil (BNB).

"A Expo Abras reúne empresas de diversos segmentos e vem atraindo um público médio de 50 mil pessoas, entre expositores e compradores de diversas regiões do País e também do exterior e movimenta uma média de negócios de R$ 9 bilhões", informa o gerente-geral da agência do BNB do Rio de Janeiro e coordenador do estande, Humberto de Souza Leite, baseado em dados da entidade. O encontro inicia-se dia 13 e segue até 16 deste mês, no Riocentro, Rio de Janeiro. "Estamos trabalhando de forma conjunta, com estrutura que envolve balcão individual de empresas com proposta de degustação e mostra de produtos e área comum para negócios", informa o executivo. Leite confia na possibilidade de cerca de 15 contatos, em média, por empresa/dia. Nessa soma inclui o próprio Banco do Nordeste, disposto a fechar negócios.

O diretor de operações da Pilar Alimentos, Naim Rached, empresa de Pernambuco, que participa no estande do BNB pela terceira vez, diz que a investida fortalece a estratégia da empresa com planos de expandir as vendas para os mercados do Rio de Janeiro, Grande Rio e Espírito Santo. "O fluxo de clientes é muito grande e possibilita visibilidade", diz. Custos reduzidos, leque de fabricantes diferenciados no estande, atraindo a atenção de compradores, e seleto grupo de freqüentadores da feira ajudam a impulsionar os negócios, de acordo com o diretor. "A investida já ajudou a Pilar abrir novos mercados. "Hoje estamos no norte fluminense", observa. As regiões Sul e Sudeste, alvos da empresa, consomem entre 32% e 34% de biscoitos do tipo recheado e 21% de cream cracker, segundo o empresário. Antes as vendas de massas e biscoitos da marca eram concentradas no Norte e Nordeste.

O diretor informa que a empresa, com 129 anos de mercado, terceira maior da região no setor, definiu no ano passado um projeto de expansão, envolvendo recursos de US$ 1 milhão, a serem aplicados no aumento da área física, hoje com 50 mil m² construídos, compra de equipamentos e modernização de linhas (são 48 itens, no total). "Hoje estamos investindo em novos mercados como o Centro-Oeste, com foco no Distrito Federal, e em condições de atender a demanda", informa. Os contatos realizados durante a feira normalmente redundam em negócios após seis meses.

No ano passado as vendas da Pilar cresceram cerca 35% em volume. Neste ano, vêm mantendo o índice de 19,5%. "Esse é um bom resultado, considerando-se que a expansão da economia está voltada para a exportação e, com a redução de juros e a liberação de crédito, o consumidor procura comprar bens duráveis", afirma o diretor de operações da empresa, com produção dividida em partes iguais para massas e biscoitos, 50%, cada.

O foco no mercado nacional não impede o empresário de voltar os olhos para o exterior. "Estamos com negociações adiantadas com a Líbia, país para onde já enviamos amostras de biscoitos. A fase agora é de discussão de preço", informa. Portugal também está nos planos do empresário, que pretende em três anos garantir exportações equivalentes a 8% do faturamento global da Pilar. "Nossa principal matéria-prima é o trigo, importado especialmente da Argentina, e a investida no mercado internacional ajudaria a evitar as possíveis oscilações do dólar", afirma.

A Coringa, de Arapiraca, a 130 quilômetros de Maceió (AL), processadora de café torrado e moído, flocos de milho, fumo, temperos, corantes naturais e embalagens, vai para a feira disposta a abrir novos espaços no mercado doméstico e também no exterior. Essa é a terceira investida da Coringa no estande do BNB. A empresa, com 35 anos de mercado, emprega 600 funcionários, comercializa seus produtos para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e tem na linha de flocos de milho e fumo o forte dos negócios. Para o exterior Murilo pretende embarcar café e fumo. O gerente de Marketing, Sérgio Murilo, diz que a empresa começa o processo de internacionalização de olho na Europa e África. "Buscamos novos contatos, especialmente de empresários do exterior".

O encontro deste ano, sob o tema Um Brasil de Desafios, Uma Feira de Oportunidades, revela o enfoque cada vez mais profissional, em negócios e na qualificação do setor, segundo o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), João Carlos de Oliveira. A edição 2004 vai reunir expositores da China, Polônia, México, Portugal, Argentina e países árabes, entre outros.

Os chineses da província de Tianjin e representantes da Câmara de Comércio de Alimentos e da Câmara de Comércio de Produtos Eletrônicos confirmaram presença. A Câmara de Comércio Árabe Brasileira organizou o pavilhão de expositores e a Fundación Export-Ar, da Argentina, outro, com empresas do país vizinho.

A Associação Latino-Americana de Supermercados (Alas) traz dirigentes do Chile, Uruguai, Colômbia e México. Portugal estará na feira com uma delegação de empresários do setor, e Estados Unidos confirmaram inscrições individuais de executivos, fornecedores e pessoal ligado ao setor supermercadista.

O Congresso ECR ¿ Resposta Eficiente ao Consumidor - América Latina (Cecral), fórum internacional de debates realizado pela primeira vez e que vai abordar tendências, estratégias e tecnologias nas áreas da indústria e do varejo, com a participação de palestrantes e estudiosos do mundo inteiro, promete movimentar o encontro.

Tecnologia e serviços

Paralelas à exposição realizam-se a 38ª Convenção Nacional de Supermercados e a 34ª Feira Internacional de Produtos, Serviços, Equipamentos e Tecnologia para supermercados. O Espaço Nordeste, que tem como lema "Apoiando quem investe e produz na Região", visa a alavancar negócios e mostrar o potencial das empresas, informa Leite. A intenção é realizar contatos e negócios com empresas expositoras e visitantes, baseados no Sudeste e do Sul do País. "A nosso favor temos a capacidade de financiamento do banco, com recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste, o FNE, que pretende aplicar este ano R$ 3 bilhões", observa.

Para os investidores com projetos aprovados, a instituição oferece recursos a taxas de juros pré-fixadas, que variam de 6% a 14% ao ano, de acordo com o setor e porte do cliente. A adimplência permite ao tomador desconto na taxa de juros de até 25%. A carência pode chegar até a quatro anos e o prazo a 1doze anos. De janeiro a julho deste ano o BNB financiou cerca de R$ 1,5 bilhão em recursos do fundo, correspondendo 31,4 mil operações.

O Banco do Nordeste, via agência do Rio de Janeiro, participa da Expo Abras, desde 1998. Começou como visitante, prospectando investidores para a região Nordeste. No ano seguinte decidiu ampliar a presença, compartilhando o estande com a Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf), no pavilhão Institucional. Na edição de 2001 instalou-se no Pavilhão Comercial, ao lado de empresas como Coca-Cola, Elma Chips, Havaianas, Chocolates Garoto, Balas Florestal, Uoki, Oetker, Johnson & Johnson, Cervejarias Skol, Antarctica, entre outras. "O BNB foi a primeira instituição financeira com espaço no Pavilhão Comercial, quando promoveu exposição de produtos de setores de alimentos e bebidas, depois de pesquisa que identificou empresas em condições de atender a demandas de supermercadistas, representantes e distribuidores das regiões Sul e Sudeste", afirma.

No ano passado, em 90 metros quadrados de área abrigou seis empresas da região. "A estratégia de prospecção de novos negócios se revelou interessante não apenas em relação aos contatos para futuros negócios, mas também nas visitas às empresas, com o objetivo de divulgar os produtos do Banco", explica Leite. Para esta edição, o executivo mantém a estratégia de mostrar ao investidor local o potencial do Nordeste e diz que o melhor exemplo são as próprias empresas expositoras".

No cenário de novos negócios, Leite vê bom potencial nos segmentos de agronegócio, fruticultura, ovinocaprinocultura, carcinocultura e apicultura, além do têxtil, bebidas, infra-estrutura e minerais não-metálicos.

kicker: A edição 2004 reúne representantes de todo o País e do exterior

kicker2: O Banco do Nordeste do Brasil busca atrair investidores para a região