Título: Assentamentos exportam para a Europa e os EUA
Autor: Edna Simão
Fonte: Gazeta Mercantil, 13/09/2004, Nacional, p. A-5

Os agricultores assentados pela reforma agrária estão ganhando o mercado internacional e contribuindo cada vez mais para os consecutivos recordes das exportações brasileiras. Organizados em associações, os trabalhadores estão vendendo café orgânico, palmito, mamão papaia, mel e até mesmo larvas do bicho-da-seda, principalmente para os mercados europeu e norte-americano.

A tendência é de que as exportações dos assentamentos, que estão espalhando de norte a sul do país, aumentem ainda mais nos próximos anos devido a opção de muitos países por alimentos orgânicos. Alguns dos bons exemplos de assentamentos que exportam estão nos estados do Rondônia, Piauí, Rio Grande do Norte, e Mato Grosso do Sul.

No assentamento de Palmares, em Rondônia, 250 famílias fazem parte da Associação de Produtores Alternativos (APA), responsável pelos contratos de comercialização. Há quatro anos, o assentado Antônio Abílio Siqueira trabalha com agricultura sem agrotóxico em um pedaço de terra de 30 hectares.

"Estou produzindo o maior número de cultivos para não ficar nunca sem nenhuma fonte de renda. Depois de anos de luta, hoje vivo feliz e pretendo industrializar toda a produção orgânica", disse Siqueira, que recebeu recentemente a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O assentamento de Palmares fechou negócio com empresários franceses para a venda de 300 sacas de café orgânico este ano. O importador pagou R$ 438,00 pela unidade de 60 quilos (quatro vezes mais que a média obtida no mercado interno). "Esse contrato do café é nosso primeiro mercado aberto no exterior. Quando começamos, em 1992, achavam que éramos malucos", disse a presidente da APA, Marli Assis de Andrade.

Cupuaçu para a Alemanha

Outro produto exportado por Rondônia é o palmito da pupunha. As 250 famílias associadas, sendo que 30% delas são assentadas, produzem por ano 40 toneladas de palmito da pupunha. Deste montante, 40% é destinado ao mercado externo, o que representa algo em torno de R$ 300 mil por ano. A gerente administrativa e financeira da APA, Renilda Medeiros, afirmou que está em fase de negociação a exportação de doces e geléias de cupuaçu, por exemplo, para a Alemanha.

Localizada a 416 quilômetros de Teresina (PI), a Associação dos Apicultores da Microrregião de Simplício Mendes (AAPI), que foi criada em dezembro de 1994, envolve 813 famílias. Somente este ano, a comunidade exportou 80 toneladas de mel para a Itália e Estados Unidos. Este negócio já rendeu ao país US$ 1,6 mil. Em 2003, a comercialização de mel havia totalizado 60 toneladas. Segundo a gerente de produção de apicultura da AAPI, Valdete Daniel de Moura, a perspectiva para 2005 é aumentar as exportações para 200 toneladas. Isso será possível porque os assentados aumentaram os números de suas colméias de quatro para 10.

No assentamento de Santana, no Ceará, 80 famílias produzem mel para exportar para Europa. No ano passado, a confecção de mel foi de seis toneladas. A perspectiva para este ano é de que este número suba para 15 toneladas.