Título: Governo recebe plano para o cerrado
Autor: Gisele Teixeira
Fonte: Gazeta Mercantil, 13/09/2004, Meio Ambiente, p. A-8

Óleo de pequi, castanha de baru, semente de sucupira, paçoca de buriti. Estes são alguns dos produtos que podem ser encontrados no portal Cerrado Brasil, lançado na última sexta-feira, em Brasília, com o objetivo de difundir a importância do bioma. Na mesma ocasião, o Grupo de Trabalho do Cerrado, formado por diversas entidades, entregou à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, o Programa Nacional de Conservação e Uso Sustentável do Bioma Cerrado - Programa Cerrado Sustentável.

O documento visa buscar condições para reverter os impactos socioambientais por meio da conservação, restauração, recuperação e manejo sustentável de ecossistemas naturais e agropecuários.

Na semana que passou, uma série de manifestações foram realizadas em Brasília para chamar a atenção sobre a necessidade de proteção do cerrado, bioma presente em 11 estados brasileiros. Segundo Manoel Santos, da Rede Cerrado de Organizações Não-Governamentais, está ocorrendo um processo de desertificação no bioma, provocado em grande parte pelo avanço desordenado do agronegócio.

Para a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, a preservação tem que ser vista como um fator positivo para os negócios, que envolvem recursos naturais. "O Cerrado é uma espécie de guardião das águas desse País", disse. Segundo ela, os investimentos do agronegócio podem ser prejudicados se não houver uma preocupação com a preservação dos recursos hídricos. "A preservação não é em oposição ao desenvolvimento, nem o desenvolvimento tem que ser em oposição à conservação", disse Marina.

Biodiversidade

Além de promover a criação de unidades de conservação de uso sustentável, especialmente reservas extrativistas, o Programa Cerrado Sustentável quer estimular o uso da biodiversidade por meio de plantas medicinais, frutas nativas, criação de abelhas, ecoturismo, turismo rural e outras atividades de reduzido impacto ambiental que também promovam a inclusão social. Prevê, ainda, a formação de corredores ecológicos e a elaboração de planos específicos para a recuperação de populações de espécies ameaçadas de extinção.

A ministra adiantou que irá sugerir ao governo a convocação de um grupo interministerial para traçar uma estratégia de desenvolvimento sustentável para o cerrado, que envolva diferentes setores. A proposta é que o governo trabalhe da maneira como está sendo feito com o Programa Amazônia Sustentável, que reúne 15 ministérios; e o programa de desenvolvimento sustentável para o semi-árido, que começa a ser traçado pelo Ministério da Integração Nacional. Segundo Marina Silva, também já estão disponíveis R$ 5 milhões do Fundo Nacional de Meio Ambiente (FNMA) para assistência técnica a pequenos agricultores e à população da região.