Título: Inflação e déficit comercial caem. Mas juros podem subir
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Fonte: Gazeta Mercantil, 13/09/2004, Internacional, p. A-8

Para economistas, dados mostram um forte começo de trimestre. Os preços do produtor caíram inesperadamente 0,1% nos Estados Unidos no mês passado, refletindo a retração dos preços dos automóveis e da gasolina. E o déficit da balança comercial do país reduziu-se 8,9% ante o recorde de junho, para US$ 50,1 bilhões em julho - agora o segundo maior déficit registrado -, em parte devido ao recuo nas importações de petróleo.

As exportações cresceram 3%, para US$95,9 bilhões, e as importações caíram 1,4%, para $146 bilhões. Economistas afirmaram que os números sugerem que a economia, que teve problemas no segundo trimestre, teve um começo forte no terceiro trimestre.

A queda de 0,1% dos preços pagos às fábricas, aos agricultores e a outros produtores seguiu-se à alta, também de 0,1%, computada em julho, disse o Departamento de Trabalho. O índice restrito, que exclui alimentos e energia, também caiu 0,1%, em seu primeiro declínio desde fevereiro. Mas, os preços de produtos semi-processados aumentaram no ritmo mais rápido em quatro meses, um sinal de que a inflação persiste na cadeia de produção.

Os dados sugerem que a inflação está em desaceleração nos Estados Unidos e que o déficit comercial do país não emperrará tanto o crescimento econômico no terceiro trimestre. Alan Greenspan, presidente do Federal Reserve, o Banco Central norte-americano, disse em sessão de esclarecimentos no Congresso, semana passada, que os preços do petróleo não estão fazendo a inflação subir e que a economia do país se fortaleceu.

"As preocupações com relação à competitividade e a queda dos gastos do consumidor estão contendo a inflação, e a melhora dos dados da balança comercial é positiva" para o Produto Interno Bruto, disse Mark Vitner, economista-sênior do Wachovia Corp. de Charlotte, Carolina do Norte. "Os custos das matérias-primas estão subindo de forma acelerada, mas os produtores estão tendo grande dificuldade em repassar esses custos mais elevados. Por isso, o Fed não acionou o alarme."

A maioria dos economistas, no entanto, disse que a queda dos preços no atacado no mês passado não levará o Fed a parar seu movimento para aumento da taxa de juros, iniciada em junho. Mickey Levy, economista do Bank of America, em Nova York, afirmou que esse movimento é motivado menos pelo temor de uma inflação eminente, do que pelo desejo do Fed de deixar as taxas de fundos-federais em um nível neutro, que não estimule mais a economia.

Os economistas previam uma alta de 0,2% do índice de preços, com base na mediana de 69 estimativas apuradas em pesquisa da Bloomberg News. Calculava-se que o déficit comercial, cuja queda foi ajudada pelas segundas maiores exportações já registradas, alcançaria US$ 51,5 bilhões.

A economia dos Estados Unidos deverá registrar expansão anualizada de 3,7% neste trimestre, e de 4% nos três últimos meses do ano, segundo a mediana das estimativas de economistas ouvidos em pesquisa da Bloomberg News de 30 de agosto a 8 de setembro. "`Os dados mais recentes sugerem que, no geral, a expansão recuperou algum impulso" depois que a economia se desacelerou para uma taxa anualizada de 2,8% no segundo trimestre, disse Greenspan.