Título: O lucro de recuperar jeans
Autor: Nina Hao Soares
Fonte: Gazeta Mercantil, 13/09/2004, Pequenas e Médias Empresas, p. A-13

Rede gaúcha criada para restaurar jeans hoje também faz consertos e recupera couros em 221 lojas. Meta é abrir mais 50 em 2005. Ao observar a lavanderia de seu irmão, que tingia peças novas para uma indústria de jeans, o ex-técnico agrícola da Emaer (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural), Flávio Roberto Conrad, percebeu que poderia utilizar o mesmo processo em roupas usadas. Foi quando teve a idéia de criar a Restaura Jeans, em Santa Cruz do Sul (RS).

Com investimento inicial de R$ 5 mil, divididos com o sócio Jair Roberto Jasper, Conrad abriu a primeira loja em 1991. A demanda foi tão expressiva que, três anos depois, já tinham aberto outras 12 lojas, com investimento de cerca de R$ 110 mil, distribuídas na região Sul. Decidiram então acelerar a expansão da rede pelo sistema de franquias. Hoje, a rede possui cerca de 221 lojas, 38 dessas estão localizadas em São Paulo, e a expectativa é de que, até o final de 2005, sejam inauguradas mais 50 lojas.

Em 1994 houve a formatação da franquia, que exige investimento de R$ 23 mil a R$ 45 mil. A previsão de retorno é de 18 meses. Em 1998, foi implantado, em todas as redes, consertos em geral na linha de costura. Em 2001, decidiram criar um padrão visual moderno e sofisticado e investiram R$ 1,5 milhão na adaptação de 97 lojas.

Segundo Conrad, a marca vem investindo em feiras do setor de franquias e em anúncios para manter o ritmo de crescimento. O mix de serviços da rede consiste em tingimento, consertos, recuperação de couros (feita com tecnologia americana, onde a peça é reidratada antes de renovar a cor), além de todo o serviço de lavanderia. "Mas o que mais me surpreende é que nossos próprios clientes acabam tornando-se franqueados, abrindo lojas em bairros diferentes.

A indústria da Restaura Jeans Franchising está localizada, a 155 quilômetros de Porto Alegre, possui área de 7 mil metros quadrados, sendo que 2,2 mil metros quadrados são de área construída, equipada com maquinários de tingimento industrial modernos. A abertura da empresa gerou em torno de 750 empregos e com a expansão da rede, que deverá se concretizar até o final do ano que vem, a previsão é de que 1 mil novas vagas sejam criadas.

A marca atua nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Para a nova etapa, a marca pretende investir nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.

Sohati Kondo, arquiteto e consultor de empresas formado pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo com mestrado em saneamento ambiental pela Universidade Mackenzie, investiu, em outubro de 2003, cerca de R$ 35 mil numa franquia localizada no bairro paulistano da Mooca, São Paulo, e já quer montar novas lojas. Ele considera o mercado desse tipo de franquia "meio virgem" e, com isso, a concorrência é praticamente zero, pois existem apenas alfaiates e costureiras, que estão praticamente em extinção, e as lavanderias como concorrentes.

A Restaura Jeans oferece quatro tipos de produtos para os clientes (conserto de roupas, tingimento, lavanderia e renovação de couro), enquanto os concorrentes oferecem apenas dois produtos. Quando abriu a empresa, Kondo tinha apenas uma máquina de costura semi-industrial. Hoje conta com três máquinas e dobrou o número de funcionários para quatro.

O franqueado informa que um dos motivos que o fizeram optar pela marca foi uma visita feita à indústria, em Santa Cruz do Sul, para conhecer melhor a marca. Ali constatou que a empresa tem uma postura 100% correta em seu processo industrial e ambiental. Toda a água utilizada na indústria vem de poços artesianos e antes de retornar à natureza é tratada. Além disso, segundo Kondo, "a Restaura Jeans oferece todo o suporte para que seus franqueados possam crescer sem grandes investimentos e ainda emprega capital em cursos de capacitação dos funcionários, no mínimo duas vezes por ano."