Título: Eletropaulo espera para este ano recursos do BNDES
Autor: Jiane Carvalho
Fonte: Gazeta Mercantil, 14/09/2004, Energia, p. A-7

Último passo para adesão a programa é entrada no Nível 2 da Bovespa. A AES Eletropaulo deu o passo que faltava para seu ingresso no Programa de Apoio à Capitalização de Empresas Distribuidoras de Energia Elétrica do BNDES. De olho em uma fatia dos R$ 3 bilhões disponíveis no programa, a empresa anunciou sua intenção de aderir ao Nível 2 de Governança Corporativa da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Esta era a última exigência para ingresso no programa que a empresa ainda não havia cumprido.

Nas contas da Eletropaulo, a empresa pode receber até R$ 770 milhões do BNDES. "Toda a documentação necessária para que a empresa pleiteasse os recursos foram entregues ao banco há cerca de um mês e agora aguardamos a avaliação do nosso pedido", disse a vice-presidente Financeira e de Relações com Investidores da empresa, Andrea Ruschmann. "Apesar de o BNDES dar um prazo de até 2 anos para as empresas aderirem ao Nível 2, decidimos nos antecipar", disse. A estimativa da executiva é de que até dezembro ambas as operações - entrada no Nível 2 e a liberação dos recursos - já estejam concluídas.

Como exigência para ingresso no programa do BNDES as empresas também precisam renegociar no mínimo 30% dos suas dívidas de curto prazo, com carência mínima de 12 meses para o pagamento do principal. Esta exigência foi cumprida pela Eletropaulo em março, quando concluiu a renegociação de suas dívidas. Pela acordo, as dívidas com vencimento previsto para este ano, em torno de R$ 2,3 bilhões, foram redistribuídas em quatro grupos com prazo final de pagamento em 2008. Também foi estabelecido um teto de 30% para o endividamento em moeda estrangeira.

A idéia da Eletropaulo, segundo Andrea Ruschmann, é utilizar os recursos do BNDES para pagar dívidas. "O objetivo é reduzir o custo da dívida e alongar os vencimentos", disse. Hoje, o prazo médio da dívida da Eletropaulo é de 2,8 anos. Já o prazo para pagamento do empréstimo do BNDES é bem maior, variando de 6 a 10 anos.

Outra vantagem é em relação às taxas. Enquanto as dívidas da empresa com credores privados estão atreladas ao CDI (Certificação de Depósito Interbancário), o juro do BNDES é bem menor, baseado na TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo). Na prática, haverá substituição de uma dívida de vencimento mais curto e mais cara por outra junto com um perfil melhor. "O programa é muito bom pois cumpre o papel definido em seu lançamento, ou seja, oferece condições para que as empresas se capitalizem", disse.

A executiva também não descartou a possibilidade de que a Eletropaulo venha a captar novos recursos no mercado, principalmente depois de a Standard & Poor¿s ter melhorado a classificação de risco da empresa. "A partir de outubro, vamos iniciar uma série de reuniões com investidores aqui e no exterior para mostrar o trabalho feito até aqui de recuperar a credibilidade da distribuidora", disse. "Embora a empresa não precise captar recursos até 2007, se surgirem boas oportunidades vamos avaliar."