Título: Lavagna proporá superávit menor que o pedido pelo FMI
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Fonte: Gazeta Mercantil, 14/09/2004, Internacional, p. A-9
O projeto de orçamento para 2005, que o governo argentino enviará ao Congresso na próxima quarta-feira conterá uma meta de superávit fiscal de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) para o pagamento da dívida pública. O anúncio foi feito ontem pelo ministro da Economia, Roberto Lavagna, segundo o qual, apesar do pedido do Fundo Monetário Internacional (FMI) para que a Argentina fizesse um esforço fiscal maior, o país tentará avançar na negociação com o organismo multilateral para obter uma prorrogação de vencimentos.
Lavagna disse à Rádio América que no orçamento do próximo ano, dá-se prioridade ao reforço dos recursos destinados tanto às áreas sociais como às obras públicas e à ciência. Além disso, afirmou que o projeto de lei prevê um crescimento econômico de 4%, nível que classificou como "prudente".
"Vamos trabalhar para que a situação seja melhor do que esta com a qual nos comprometemos estritamente", disse.
"O orçamento vai entrar com uma proposta de superávit de 3%, que é compatível com a atenção que temos que dar à dívida dentro da oferta feita. Portanto nesta questão não há nenhuma modificação", disse.
A percentagem é inferior à pedida pelo FMI, que quer que em 2005 a Argentina faça uma economia eqüivalente a 5% de seu PIB para destinar os recursos ao pagamento de sua grande dívida pública. "Com a racionalidade da proposta que foi feita, o enorme esforço que ela implica... Acho que isso não vai impedir que continuemos avançando na negociação com o FMI", disse Lavagna.
No início deste mês, o país pediu um adiamento dos vencimentos de compromissos não obrigatórios com o Fundo Monetário, num total de aproximadamente um bilhão de dólares, que deveriam ser pagos até o fim de ano. O pedido foi feito durante a visita realizada a Buenos Aires pelo diretor-gerente do FMI, o espanhol Rodrigo Rato, que o considerou "normal" e não descartou que seja aceito.
Lavagna reconheceu que para sustentar o nível de superávit projetado refutou pedidos de aumentos de despesas feitos por outras áreas do governo, "acima" dos US$ 9,24 bilhões. "Quando se supera uma crise muito aguda como a de 2002, e as perspectivas são muito boas, todo o mundo tem essa mistura de voluntarismo e euforia. Neste momento é que se deve ser muito cuidadoso".