Título: Taxas recuam mesmo com o aumento do custo de captação
Autor: Adriana Cotias
Fonte: Gazeta Mercantil, 14/09/2004, Finanças & Mercados, p. B-1

O aumento da oferta e da concorrência está freando o repasse do custo de captação - mais alto - para o crédito. Apesar de a curva de juros futuros ter se ajustado a uma possível elevação da Selic depois de duas atas conservadoras do Comitê de Política Monetária (Copom), as taxas cobradas dos tomadores, na ponta, apresentaram queda em agosto. Em consequência, houve um aperto da margem financeira, o que leva bancos e financeiras a se esforçarem para compensar o menor retorno com a ampliação dos volumes emprestados.

Pesquisa mensal da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) mostra que nas contratações feitas pelo segmento empresarial o custo médio recuou de 4,50% para 4,36% ao mês entre julho e agosto, com todas as modalidades indicando juros menores em relação ao mês anterior. A maior redução foi observada na conta garantida, que passou de 5,93% para 5,51% ao mês. E pelo acompanhamento diário feito pelo Serviço de Mercado e Cotações da InvestNews, não houve alterações relevantes na primeira quinzena de setembro.

Pelos dados da Anefac, nas operações de crédito ao consumo, os juros caíram de 7,71% para 7,59% ao mês. A única linha que apresentou ligeira elevação foi o rotativo do cartão de crédito, que passou de 10,11% para 10,13% ao mês. O maior recuo foi verificado no limite do cheque especial, de 0,50 ponto percentual, a 7,76% ao ano, a menor taxa desde janeiro de 1995, início da pesquisa. No comércio, os juros estacionaram em 6,01%.

"A concorrência tem sido tão brutal que, basta uma financeira ameaçar elevar as taxas, que surge uma fila de instituições querendo o lugar", diz o presidente da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), Érico Sodré Quirino Ferreira. "Quem já está no lojista tem que segurar a onda, espreme a margem e tenta ganhar em volume, não em taxa", acrescenta.

Na captação, os juros de seis meses e de um ano, referenciados pelos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI), já subiram desde que o Banco Central (BC) passou a enviar mensagens ao mercado de que mudaria a direção da política monetária se a inflação persistisse. O vencimento de abril de 2005 saiu de um patamar de 16,42% no início de julho para 17,45% no fechamento do pregão de ontem na BM&F. Outubro de 2005 avançou de 16,65% para 18%. Esses movimentos não influíram no custo do crédito.