Título: Ferrugem asiática causou perda de US$ 2 bilhões
Autor: Agência Brasil
Fonte: Gazeta Mercantil, 14/09/2004, Agribusiness, p. B-12

O representante da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), na Câmara Setorial de Insumos do Conselho do Agronegócio (Consagro), Alécio Maróstica, informou ontem que a ferrugem asiática, uma praga que ataca a soja, provocou uma quebra de cinco milhões de toneladas na colheita do produto na última safra.

"A doença foi detectada na safra 2001/02. Ela intensificou-se em 2002/03 e, explodiu em 2003/04 dificultando o seu controle. O prejuízo total, com a perda da soja mais os gastos com o fungicida que foi aplicado, chegou a US$ 2 bilhões", diz Alécio Maróstica.

O representante da CNA disse que é difícil saber como a praga chegou ao país, já que ela é transmitida por meio de um fungo que pode ter sido transmitido em transporte de grãos ou mesmo em viagens de pessoas. A ferrugem asiática ataca a folha da soja e em poucos dias desfolha toda a planta. Segundo Maróstica, a praga pode provocar uma perda de 100% na lavoura.

A falta de defensivos foi a principal causa do prejuízo elevado, disse Maróstica. Neste ano, a principal preocupação é garantir o acesso ao insumo. "No ano passado tivemos muitos problemas. É preciso evitar que o produto demore a chegar nas lavouras. Se demorar mais de cinco dias, os danos serão inevitáveis", disse. A CNA também está procurando treinar agrônomos e técnicos para o maior esclarecimento dos produtores. "Queremos evitar que o produtor tenha prejuízo", conta Maróstica.

Atualmente os Estados Unidos são os maiores produtores de soja, com uma produção em torno dos 77 milhões de toneladas. O Brasil é o segundo maior produtor mundial. Na última safra o país produziu 49,7 milhões de toneladas de soja. Com o combate à ferrugem, a meta é que a próxima safra atinja 60 milhões de toneladas.

A maior parte dessa produção abastece o mercado asiático, principalmente a China, e o europeu. "A qualidade da nossa soja é requisitada porque ela tem teor de proteína maior do que o da soja americana. Tem uma qualidade excelente. Temos de controlar essa ferrugem para que não venhamos a perder mercado", diz Maróstica.