Título: Pecém expande cargas com exportações de frutas
Autor: Adriana Thomasi
Fonte: Gazeta Mercantil, 14/09/2004, Gazeta do Brasil, p. B-13

Movimentação de mercadorias no porto cearense chega a 373.602 toneladas - alta de 18% em relação a 2003. As exportações do setor de fruticultura impulsionaram o movimento de cargas no Terminal Portuário do Pecém, localizado em São Gonçalo do Amarante, a 56 quilômetros de Fortaleza (CE). Os embarques foram puxados por manga (10.532t) e banana (4.328t), produtos destinados especialmente aos Estados Unidos e Europa. No acumulado do ano, as duas frutas atingiram embarques de 15.223 toneladas e 33.123 toneladas, respectivamente. A castanha de caju, por sua vez, alcançou 3.418t e, na soma do ano, 22.691 toneladas.

Em agosto, as operações globais de mercadorias diversas corresponderam a 48.570 toneladas - crescimento de 43% sobre as 34.041 toneladas de igual mês de 2003. Do total registrado neste ano, 38.423 toneladas foram com destino ao mercado internacional. "Essa é a época da safra de frutas do Nordeste", comemora José Roberto Correia Serra, diretor-presidente da Companhia de Integração Portuária do Ceará (Cearáportos), empresa que administra o Pecém.

Vatangens

De acordo com o executivo, o desempenho vem confirmando a posição de terminal de produtos refrigerados, com vantagens competitivas, a partir da combinação de fatores como, por exemplo, preço do frete, infra-estrutura apoiada em 528 tomadas frigoríficas (o número foi duplicado este ano), que permite garantir a qualidade dos produtos, além da localização estratégica - proximidade de mercados europeu e americano.

Câmara

"Também já abrimos licitação para a instalação da câmara frigorífica, que vai possibilitar a verificação simultânea de 3 contêineres, conferindo velocidade às operações", adianta.

O armazém de 402 m², com capacidade para 1230 m³, deverá agilizar a tarefa de inspeção, preservando a integridade dos produtos, segundo o diretor-presidente. O projeto foi orçado em R$ 320 mil, e Serra acredita na possibilidade de iniciar as obras ainda em outubro. A conclusão prevista é para início de 2005. A investida vai alcançar a safra do próximo ano.

Atração no mês

No acumulado do ano, a movimentação carga geral atingiu 373.602 toneladas - evolução de 18% em relação ao mesmo intervalo de 2003. Somente em exportações foram 232.770 toneladas. As importações alcançaram 10.147 toneladas, em agosto, evolução de 41% sobre as 7.206 do ano passado, com destaque para os produtos químicos (3.394t) e arroz (2.205t), que lideraram essas operações. Somados os oito meses, os desembarques chegaram a 140.832t, aumento de 2% sobre as 137.962 de 2003.

Em contêineres, foram movimentados em agosto 10.279 Teu¿s (medida equivalente a uma unidade de 20 pés), quando em igual intervalo do ano passado, ficou em 5.470 Teu¿s, evolução de 87%. Do montante deste ano, 3.930 Teu¿s foram em exportação e 6.349 Teu¿s de importação.

Ano passado, os números corresponderam, respectivamente, a 2.812 Teu¿s e 2.658 Teu¿s. No global, oito meses do ano tiveram movimentação 48.692 Teu¿s, aumento de 38% sobre mesmo intervalo do ano anterior - com 24.294 Teu¿s correspondentes à exportação e 24.398 em importação.

Em agosto, 25 navios atracaram no terminal, sendo 15 de grande porte, com calado superior a 10 metros. No acumulado do exercício, o número alcança 148 embarcações - 135 do tipo porta-contêiner es e 13 de carga geral, com recuo de 27% sobre o total apurado no mesmo período de 2003.

O aumento do porte dos navios, que abrigam maior volume de carga influenciou na redução, segundo Serra.

Na consignação, que representa o número de contêineres movimentados por navio, o aumento acumulado foi de 78%, ou 361 Teus¿s, diante dos 203 Teus¿s do ano passado, mostra o levantamento do período.

A novidade na pauta de produtos exportados, via Pecém, no mês passado, fica com embarque de 4.521 toneladas de latas de 350ml de guaraná para a Dinamarca. Serra acredita que, mantido o ritmo atual, o Terminal do Pecém deverá encerrar o ano com aumento em torno de 30% na movimentação.

O diretor-presidente da Cearáportos negocia ainda com a Petrobrás, o retorno das operações de óleo diesel, produto desviado para outros portos este ano, em função da alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços mais alta do que outros estados.

A questão já foi contornada com o governo do Estado, que reduziu de 26% para 17% de ICMS. "Esperamos ainda movimentar pelos menos dois navios que, no global, representariam 250 mil toneladas de petróleo", diz. O terminal não realizou nenhuma operação do gênero neste ano. Serra reconhece que, mesmo com o imposto nivelado aos demais, o Pecém ainda leva desvantagem na logística, pois sem a estrutura de tancagem na área, as operações de transbordo envolvem produtos de embarcações de grande porte para navios menores. "Isso influencia nos resultados."

kicker: Banana e manga foram principais frutas exportadas à Europa