Título: Países discutem redução de barreiras
Autor: Dantas, Claudia
Fonte: Gazeta Mercantil, 01/04/2008, Nacional, p. A4

A redução de barreiras alfandegárias e a ampliação de acordos comerciais estão na pauta de representantes dos governos mexicano e brasileiro que se reúnem no Rio até amanhã para discutir os aspectos práticos das relações bilaterais. Estas reuniões são os primeiros desdobramentos do Fórum Brasil México, organizado pelo empresário Mário Garnero, do Fórum das Américas, em Recife (PE). O secretário de Economia do México Eduardo Sojo ¿ cargo equivalente ao de ministro da Fazenda ¿ acredita que o Brasil pode aumentar a competitividade internacional se ampliar investimentos no México e aproveitar-se dos 44 acordos comerciais que eles possuem. Atualmente, o México mantém acordos e tratados de livre-comércio com diversos países da Europa, América Latina e Ásia. Embora 80% das exportações mexicanas ainda estejam voltadas para os EUA, o que preocupa em função da crise americana, Sojo entende que este é o momento de diversificar as exportações e os brasileiros também devem seguir na mesma direção. "A desaceleração da economia americana é uma preocupação para nós todos, e a mudança deste cenário será através da diversificação das exportações. Só nos dois primeiros meses do ano, nossas exportações ao Brasil aumentaram em 88%". Sojo aponta o Nafta (Tratado Norte-Americano de Livre Comércio), acordo comercial do qual o México faz parte, como um ponto de partida importante para o Brasil a fim de baratear os custos de entrada dos produtos brasileiros nos EUA. "Um país que tem uma fronteira de mais de 3 mil quilômetros com os EUA, além de manter relações comerciais com Canadá e Chile no Nafta, pode ajudar o Brasil a inserir os produtos com custos alfandegários mais baixos", explica. Se os brasileiros diversificarem os investimentos no México, poderão exportar para os norte-americanos com mais segurança e com preços mais competitivos. Além disso, Sojo lembra que a moeda brasileira está mais valorizada frente ao dólar, por esse motivo, os preços das commodities brasileiras ficam mais caras no mercado internacional. O secretário conta que existem exemplos de empresários brasileiros que investiram no México e conseguiram exportar produtos até para a Europa, a preços competitivos, usufruindo dos acordos mexicanos. Outro ponto importante é o mercado consumidor do México, que supera a casa de 1 bilhão de pessoas e representa quase 75% do PIB. No ano passado, o México investiu por volta de US$ 16 bilhões no Brasil. Em contrapartida, os investimentos brasileiros não passaram de US$ 3 bilhões. Atual-mente, o setor automotivo é o que mais se beneficia do acordo bilateral. Mas, segundo Sojo, existem outros setores que podem interessar aos países. Entusiasmado com fortalecimento das relações comerciais, o secretário diz que transmitirá pessoalmente a Felipe Calderón, presidente do México, o convite feito pelo colega brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva na abertura Fórum Brasil-México na semana passada, em Recife. O presidente Lula disse que aguarda a visita de Calderón ao Brasil para que, juntos, possam discutir o futuro das duas nações mais importantes do continente latino-americano. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 4)()