Título: Dilma vai continuar nos palanques
Autor: Falcão, Márcio
Fonte: Gazeta Mercantil, 01/04/2008, Politica, p. A9

Os ataques da oposição contra a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, não vão alterar os planos do governo em promovê-la como presidenciável para 2010. Em uma reunião realizada no domingo no Palácio da Alvorada, o presidente, Dilma e os ministros das Relações Institucionais, José Múcio, e da Comunicação, Franklin Martins, decidiram que a ministra não desce dos palanques. A idéia é blindar Dilma de qualquer situação constrangedora no Congresso, enquanto sua imagem ganha força nos eventos públicos da Presidência como a "mãe" do PAC. A avaliação dos governistas é que a ministra se tornou alvo da oposição no caso do suposto dossiê, que o governo teria preparado sobre gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e da ex-primeira-dama Ruth Cardoso para pressionar os oposicionistas da CPMI dos Cartões, porque a ministra seria um nome forte para a sucessão do presidente Lula. Os ministros teriam reconhecido que o episódio fragiliza Dilma, mas não compromete a futura corrida ao Palácio do Planalto, uma vez que a ministra sempre será destacada como a realizadora do PAC, programa de investimentos do governo. A análise da cúpula governista repercutiu no Congresso. Líderes da base não perderam nenhuma oportunidade de sair em defesa de Dilma. Ontem, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), comentou pela primeira vez o caso do dossiê e rechaçou qualquer envolvimento de Dilma na elaboração do material, mesmo com a secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Alves Guerra, braço-direito da ministra, apontada como mandante do dossiê. "A orientação é falar a verdade. A verdade é defender a Dilma. A ministra não tem responsabilidade alguma (sobre isso). Não há dossiê algum. O que existe é um banco de dados informando sobre despesas com cartões corporativos e contas B", disse o líder governista. O líder do PT na Câmara, Maurício Rands (PE), confirmou que há uma espécie de blindagem da ministra pela base do governo no Congresso. O petista disse que alinhados com o Planalto devem votar contra a convocação da ministra para prestar esclarecimentos na CPI dos Cartões ou em outras instâncias do Senado ou da Câmara. Rands, que trata o dossiê apenas como um levantamento de dados, diz que as investidas da oposição contra Dilma é o reflexo da insegurança quanto às eleições de 2010. "Eu defendo que a gente vote contra (requerimentos que propõem a convocação de Dilma). A oposição tenta subtrair a agenda do País. Por que a Dilma? Porque ela estava sendo apresentada como mãe do PAC", afirmou Rands. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 9)()