Título: Participação nos lucros pode sustentar vagas no comércio
Autor: Assis, Jaime Soares de
Fonte: Gazeta Mercantil, 27/03/2008, Nacional, p. A4

São Paulo, 27 de Março de 2008 - A participação nos lucros e resultados (PLR) paga pelas empresas substituiu a recuperação de perdas com a inflação como gatilho para greves de trabalhadores, segundo Francisco Oliveira, coordenador de pesquisas do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Os pagamentos da participação que se concentram nos meses de março e abril podem manter aquecidas as atividades nos setores do comércio e serviços que puxaram a oferta de emprego nos últimos meses. De acordo com Alexandre Loloian, da Fundação Seade, o pagamento da PLR, referente a participação nos lucros das empresas, mobiliza mais que o reajuste de salário. Uma categoria importante como a dos bancários, com 424 mil trabalhadores em todo o País, teve um reajuste de 6% no acordo salarial de 2007, o que representou um aumento real de 1,13%. A PLR, somada a outros benefícios próprios dos bancos, no entanto, injetou R$ 3,593 bilhões em rendimentos extras pagos no final de 2007 e em março de 2008, segundo dados do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. Para Loloian, o efeito da renda extra da PLR deverá ser acompanhada para se apurar os efeitos sobre o comércio e na criação de novos postos de trabalho. Desemprego em SP Os dados apurados na região metropolitana de São Paulo em fevereiro revelaram um comportamento pouco comum nesta época do ano. A taxa de 13,6% de desemprego de fevereiro e o contingente de desempregados estimado em 1,4 milhão de pessoas -¿ praticamente igual ao do mês anterior -- mostrou uma estabilidade que não era esperada nesse mês, período de queda acentuada na oferta de vagas. Para Loloian, o consumo elevado, suportado pela oferta de crédito e incremento da massa salarial, provocou uma forte reação na abertura de postos de trabalho no final de 2007. Este comportamento se estendeu no início do ano e teve um efeito de "arrasto" do crescimento, evitando uma retração acentuada na taxa em fevereiro. A Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) realizada pelo Dieese em conjunto com a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) revelou que a taxa de desemprego medida nas seis regiões metropolitanas elevou-se para 14,5% em fevereiro, em comparação com os 14,2% de janeiro. O total de desempregados ficou em 2,85 milhões nas regiões metropolitanas do Distrito Federal, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo. Este número traz um acréscimo de 50 mil pessoas ao conjunto de desempregados em relação ao mês anterior. A redução no nível de ocupação em 0,4% no mês, que resultou na eliminação de 65 mil postos de trabalho, é esperado nesta época do ano. A queda, no entanto, foi atenuada pelo comportamento do comércio, que aumentou em 1% o nível de ocupação com a abertura de 29 mil vagas no período em que ocorreram demissões na indústria (7 mil), serviços (11 mil) e construção civil (40 mil). Os indicadores de emprego e desemprego que devem ser divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira devem apontar uma melhora no quadro de emprego urbano no País e mostrar resultados alinhados aos da pesquisa do Dieese/Seade, na avaliação do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI). O rendimento dos trabalhadores não apresentou crescimento expressivo em fevereiro. O salário médio aumentou 1,8% em Salvador (R$ 894); cresceu 1% no Distrito Federal, onde chegou a R$ 1.617; e ficou estável em São Paulo (R$ 1.033) e Belo Horizonte (R$ 1.143). As principais quedas foram registradas em Porto Alegre, onde o rendimento foi 3,1% menor (R$ 1.052) e em Recife, que fechou o período com rendimento de R$ 666 e redução de 0,6%. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 4)(