Título: CNI reduz previsão de expansão do PIB
Autor: Ribas, Sílvio
Fonte: Correio Braziliense, 16/04/2011, Economia, p. 22

Indústria Elevação dos preços e das tarifas faz confederação rever a estimativa de crescimento das riquezas do país de 4,5% para 3,5% em 2011 » A Confederação Nacional da Indústria (CNI) reviu a sua previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) este ano para 3,5%, menos da metade dos 7,5% verificados em 2010. Em dezembro, a entidade apostava numa expansão anual do PIB de 4,5%. A disparada da inflação e o fortalecimento do real ao longo do primeiro trimestre levaram os técnicos da entidade a ajustarem suas estimativas para 2011. As maiores diferenças se deram na variação do PIB industrial, de 4,5% para 2,8%, e do superavit comercial, de US$ 4 bilhões para US$ 20 bilhões.

A estimativa de inflação da CNI para este ano era de 5% e subiu para 6%. A maior pressão sobre o indicador, ressalta a entidade, está vindo dos custos de serviços e dos salários em geral, que levam muito tempo para ceder. Com peso de 25% no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que baliza a inflação oficial, os valores dos serviços subiram 6,3% no acumulado do ano. Essa situação reflete o bom desempenho da atividade econômica, a escassez de mão de obra qualificada e os reajustes atrelados a índices de inflação, como aluguéis e tarifas.

Ajuste fiscal ¿O cenário mudou e passou a exigir uma nova direção para a política econômica¿, avaliou ontem o economista-chefe da CNI, Flávio Castelo Branco, durante a divulgação do relatório trimestral de perspectivas. Ele acha fundamental que o governo anuncie medidas mais duras de controle de gastos e explicite meta de ajuste fiscal ainda mais rigorosa.

¿A política fiscal não está sendo usada como deveria no combate da inflação, sobressaindo o gradual aperto monetário, com medidas já adotadas pelo Banco Central (BC)¿, disse. O maior risco está em a inflação continuar no topo da meta fixada pela autoridade monetária, de 6,5%.

Na avaliação do economista, a flexibilidade fiscal adotada a partir de 2009 para reagir à crise econômica internacional, com gastos federais crescendo acima do PIB, deveria ser coisa do passado. ¿O momento é de haver maior compromisso com as metas fiscais, pois elas têm prazo longo de maturação¿, sublinha, alertando que estados e municípios começaram o ano com contas desequilibradas.

Para Castelo Branco, se o governo não der nova orientação ao controle da inflação a partir deste mês, o setor produtivo será o maior prejudicado com o crescimento menor e o encarecimento do crédito, efeito colateral dos juros. A previsão da CNI para este ano de crescimento da formação bruta de capital fixo, um indicador de investimento do setor produtivo, recuou de 13,5% para 9%. Em 2010 foi 21,9%.

Para Luiz Rabi, economista da Serasa Experian, a queda desses indicadores deve permanecer ao longo de 2011. ¿A tendência também é explicada pelo mês de dezembro, quando atingimos patamares muito altos na comparação com a queda nos investimentos de 2009¿, ponderou.

A CNI ressalta que, enquanto o consumo das famílias deve crescer 4,5%, ante uma perspectiva inicial de 5,1%, os custos salariais continuam crescendo sem o correspondente aumento da produtividade. (Colaborou Fábio Monteiro)