Título: Movimentos sociais não podem estar acima das leis
Autor: Guimaraes, Humberto Viana
Fonte: Gazeta Mercantil, 02/04/2008, Opiniao, p. A3

Qual não foi a minha surpresa quando, no dia 25 de setembro de 2004, comprei o jornal O Popular, de Goiânia (GO), e li a manchete principal: "Sem-terra usa tática de guerrilha em invasões", a qual chamava para a matéria "Tática de guerrilha no campo", na página 4 (tenho o jornal guardado nos meus arquivos). O texto, completado com fotos e uma excelente infografia, mostra de forma clara as táticas de guerrilha utilizadas pelo MST na invasão da fazenda Florzeira, no município de Campestre. Segundo o jornal goiano, "o MST afirma que as táticas de guerrilha têm o objetivo de intimidar a polícia e os próprios fazendeiros". Para que não ficasse nenhuma dúvida a respeito dessas táticas de guerrilha, após a desocupação da fazenda, a área foi "fotografada e filmada pela PM". Entre as táticas utilizadas na fazenda Florzeira mostradas na matéria, estavam: a) lanças de guatambu com as pontas entremeadas de fezes humanas; b) vários buracos distanciados em quatro metros, tendo no fundo lanças de madeira cobertas por capim; e c) um cabo de aço entre uma margem e outra do rio, o que impedia a navegação de qualquer barco. Como de lá para cá, as nossas autoridades se fizeram de indiferentes e não tomaram nenhuma medida enérgica para deter estas invasões, o MST, a Via Campesina e outros "movimentos sociais", atuando ao arrepio da lei, passaram a atacar empresas nacionais e multinacionais produtivas e estratégicas. Recordemos alguns fatos mais recentes. Em 08/02/06, o laboratório de pesquisa da Aracruz Celulose, localizado em Barra do Ribeiro (RS), foi totalmente destruído. Se não bastasse o prejuízo material, soma-se o prejuízo tecnológico, fruto de vinte anos de pesquisa. Dando prosseguimento aos seus atos ilegais, na madrugada do dia 07/03/08, mulheres da Via Campesina (com os rostos tampados com panos) levaram a cabo uma ofensiva contra o centro de pesquisas da multinacional Monsanto, em Santa Cruz das Palmeiras (SP). Nesse proceder de ilegalidades por parte dos tais "movimentos sociais", não resta a menor dúvida que a maior vítima tem sido a Companhia Vale do Rio Doce, que desde agosto de 2007 já foi alvo de oito ocupações por parte do MST e seus aliados. Hoje, a segunda maior mineradora do mundo, a Vale é um exemplo mundial de eficiência e sucesso, orgulho para todos os brasileiros. Esses baderneiros que hoje hostilizam a empresa, em vez de invadirem e depredarem as suas instalações, deveriam usar as suas energias para que tivéssemos outras tantas empresas tão ou mais eficientes quanto a Vale. O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), sem nenhum embasamento técnico, tem feito uma sistemática campanha contra o atual modelo energético brasileiro e à construção de barragens, sem que para isso tenha mostrado qualquer solução ou alternativa. Uniu-se ao MST e à Via Campesina e invadiram (11/03) o canteiro de obras da hidrelétrica de Estreito (que está sendo construída pelo Consórcio Estreito Energia, formado pelas empresas Vale, Camargo Correa, Tractebel e Alcoa), prejudicando o andamento normal dessa que é a maior obra de geração de energia em construção no País (1.087 megawatts) e que atualmente emprega diretamente mais de 1.500 trabalhadores. Afinal, o que quer essa gente? Quer o atraso para o País? Para que o Brasil cresça de forma acelerada necessitamos de empresas fortes e eficientes e muita energia e ela terá que vir das várias matrizes disponíveis. Diante de tantas ilegalidades cometidas por estes "movimentos sociais", o que mais nos impressiona é a total falta de ação das nossas autoridades que não se preocupam em dar um basta definitivo nesta situação. Céleres em condenar o presidente Uribe por defender o seu país de um grupelho de narcoterroristas (que estavam atuando desde o vizinho Equador), não fazem nada para defender a iniciativa privada da ação destes que, segundo as palavras do diretor de Assuntos Corporativos da Vale, Tito Martins, "no nosso entender são bandidos e estão querendo perturbar a ordem". Como bem disse o jornalista Augusto Nunes: "É hora de tratar as tropas fora-da-lei como uma ilegalidade a serviço de inimigos do Estado de direito e da ordem democrática". (Gazeta Mercantil, 10/03). Finalizo perguntando ao presidente da República: "O MST e seus aliados continuarão com suas invasões quando começarem as obras das hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau (RO), necessárias para evitar um futuro apagão energético, ou serão tratados segundo as leis?". kicker: É preocupante a falta de ação das autoridades para conter flagrantes desafios à ordem (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 3) HUMBERTO VIANA GUIMARÃES* - Engenheiro Civil e Consultor. Próximo artigo do autor em 6 de maio)