Título: Governo quer incrementar exportações
Autor: Monteiro, Viviane
Fonte: Gazeta Mercantil, 02/04/2008, Nacional, p. A7

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, descartou a existência de ameaças inflacionárias em virtude do aumento da massa salarial, apesar de o Banco Central ter manifestado, em sua última ata, a preocupação com ajustes nos índices de preços. Porém, Mantega disse ser necessário manter a "vigilância" nos gastos correntes que também elevam a demanda agregada da economia. Com isso, disse o ministro, o governo federal pretende fazer um corte de R$ 20 bilhões no Orçamento que foi sancionando na semana passada (dia 24) pelo presidente Lula. O contingenciamento, já previsto anteriormente pelo governo federal, é para recompor parte da perda de recursos com o fim da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). Mantega mostrou-se mais preocupado com a redução do ritmo das exportações, o que deve gerar déficit nas contas correntes em 2008, do que com a inflação. O ministro disse que a inflação brasileira está sob controle e por enquanto ela não representa nenhuma ameaça ao crescimento "sustentável" da economia. "A inflação está em um patamar bastante razoável e o crescimento (econômico) é sustentável, porque os aumentos da demanda e da renda não estão gerando inflação", discursou o ministro durante a reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, no Palácio do Planalto. A análise do ministro se opõe a avaliação do Banco Central, que na última quinta-feira, anunciou na alta a elevação das estimativas para a inflação, medida pelo IPCA para 2008 e 2009. Apenas para este ano, a projeção que era de 4,3%, em dezembro, subiu para 4,6%, superior ao centro da meta de 4,5%. Durante a sua apresentação na reunião, Mantega acrescentou que o aumento da demanda, que hoje cresce 7% em média, também não deve surtir picos inflacionários sobre a economia, pois os empresários brasileiros têm investido e modernizado o parque produtivo. Sem citar nomes, Mantega criticou os analistas "heterodoxos" que não acreditam que a economia brasileira possa crescer 5% ao ano, sem causar inflação. "Vamos continuar derrubando esses mitos dos (analistas) incrédulos, dos pessimistas que têm medo do crescimento; os ortodoxos acham que o crescimento traz desequilíbrio econômico". O ministro lembrou que anteriormente, os analistas "pessimistas" falavam que a economia brasileira não tinha capacidade de crescer 3% ao ano, mito que segundo Mantega já foi "derrubado". O ministro ironizou ainda os analistas que não reconhecem que a economia cresce juntamente com o avanço da produtividade (das empresas), o que reduz o impacto inflacionário, segundo diz. "Isso mostra que os aumentos da massa salarial e do salário real não se traduzem em inflação porque a produtividade cresce mais do que o aumento do salário. Essa é uma equação básica fundamental que os economistas deveriam aprender na escola". O ministro destacou a mudança para melhor na pirâmide social, com a inclusão de 82 milhões de pessoas na classe média. Diante disso, ele acrescentou que o Brasil está constituindo um mercado de massa puxado pela geração de emprego e aumento da renda. O ministro reiterou que o governo tem trabalhado para garantir o crescimento sustentado do País, que ainda não foi impactado pela crise econômica internacional, considerada "séria". Entretanto, ele disse ser necessário dar um impulso às exportações. Tal setor será beneficiado pela política industria a ser anunciada nos próximos dias. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 6)()