Título: Tucanos sabiam de dossiê, dizem petistas
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 02/04/2008, Politica, p. A8

2 de Abril de 2008 - Os governistas ganharam novos argumentos para rebater os ataques da oposição contra a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, no episódio do suposto dossiê que o governo teria preparado sobre gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e da ex-primeira-dama Ruth Cardoso para pressionar os oposicionistas da CPI mista dos Cartões. Ontem, o líder do PT na Câmara, Maurício Rands (PE), circulou pelos corredores da Câmara com um documento que desmentiria a acusação feita pelos parlamentares de oposição de que funcionários da Casa Civil teriam recebido ordem da secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Alves Guerra, braço-direito da ministra, para montar a documentação contra os tucanos. A prova contra a oposição seria um requerimento de informação entregue à Casa Civil em 2005 pelo líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), solicitando informações sobre gastos com cartão corporativo de dois ministros que ocuparam a Casa Civil no governo Fernando Henrique: Clóvis Carvalho e Pedro Parente. Em resposta ao tucano, o então diretor de Orçamento e Finanças da Casa Civil, Gilton Saback Maltez, informou que "desde outubro de 2004 a Casa Civil da Presidência da República abastece um banco de dados para o armazenamento de informações sobre suprimentos de fundos do governo, inclusive os relacionados aos cartões de pagamento do governo". Na avaliação de Rands, o documento mostra que as informações do chamado dossiê na realidade foram recortados do banco de dados e divulgados para prejudicar a ministra da Casa Civil, apontada como presidenciável de 2010. "Fica claro que não há produção alguma de dossiê. Alguém de ímpeto maldoso pincelou informações do banco de dados e as entregou à imprensa como uma munição do governo", disse Rands. Virgílio, no entanto, rebateu a tese do líder petista, afirmando que o requerimento foi protocolado em uma época em que explodiam outras denúncias do mau uso dos cartões corporativos e que as informações seriam para mostrar a lisura dos ministros do governo FHC. Justiça Os presidentes nacionais do PSDB e DEM, respectivamente o senador Sérgio Guerra (PE) e o deputado Rodrigo Maia (RJ), anunciaram ontem que vão apresentar à Procuradoria Geral da República uma representação contra a ministra Dilma Rousseff e sua secretária-executiva, Erenice Alves Guerra, pelos crimes de responsabilidade, ameaça e violação de sigilo. Para os tucanos, seriam elas as supostas responsáveis pela produção e vazamento do dossiê. "Vamos atrás da verdade, tanto em relação ao que de fato tem nos gastos da Presidência com cartão corporativo, e também em relação à montagem de um dossiê para calar, para ameaçar a oposição", afirmou Maia. Também ontem, a base governista, maioria da CPMI dos Cartões, conseguiu rejeitar requerimento para acesso a informações de titulares de cartões corporativos da Presidência da República. O documento pedia informações à Casa Civil sobre os gastos com cartão corporativo do governo federal desde que começou a ser usado, em 2002, o nome do titular do cartão, o limite mensal, o detalhamento dos gastos e cópia das notas fiscais das compras. Diante do resultado, o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), ameaçou levar à plenário da Casa o requerimento de convocação de Dilma Rousseff. Os parlamentares de oposição defenderam a necessidade de aprovação do requerimento, mas não foi suficiente para garantir a sua aprovação. "Para o bom andamento dos trabalhos precisamos aprovar esse requerimento", disse o senador Antônio Carlos Magalhães Júnior (DEM-BA). Ele ainda lembrou que há requerimento com assinaturas suficientes para a criação de uma CPI dos Cartões exclusiva do Senado. "Não se está ameaçando com uma CPI no Senado, mas, se não for possível investigar na mista, a única alternativa será propor uma CPI do Senado", disse. Ao mesmo tempo, Arthur Virgílio disse que o PSDB apresentou requerimento à Casa Civil reivindicando a participação de um parlamentar na sindicância interna instalada no Palácio do Planalto para investigar o vazamento de informações que deram origem ao dossiê com gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Para Virgílio, é fundamental a participação de um tucano na sindicância, pois o PSDB foi o principal alvo do vazamento de informações pela Casa Civil. "Estou convicto de que houve dossiê e que esses documentos são públicos", defendeu. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 8)(M.F.)