Título: Colômbia sai em busca de empresas brasileiras
Autor: Costa, Thaís
Fonte: Gazeta Mercantil, 02/04/2008, TI & Telecom, p. C2

São Paulo, 2 de Abril de 2008 - A Colômbia tem investido fortemente em derrubar todas as barreiras que impedem o capital estrangeiro de se estabelecer no país. A área de tecnologia da informação (TI) e telecomunicações está no centro dos interesses do país vizinho, devido à abundância de recursos humanos disponíveis para o desenvolvimento de software, afirmou o cônsul comercial no Brasil, Carlos Rodríguez. Ele antecipou à Gazeta Mercantil a estratégia que foi construída para suportar o projeto e que será tema de evento que se realiza hoje em São Paulo para empresários brasileiros de TI & Telecom na Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, a Amcham. Além de contingente elevado de formandos em engenharia eletrônica despejados no mercado de trabalho colombiano anualmente, o país vizinho registra taxas de remuneração muito inferiores à brasileira, de tal forma que compensa para as empresas brasileiras utilizarem a mão-de-obra colombiana em seus projetos de exportação de software, acredita Rodríguez. Ele informou que a remuneração anual de um engenheiro com três ou quatro anos de experiência é de US$ 15 mil, quase a metade dos US$ 27,7 mil praticados no Brasil, em média. Parte dessa desproporção resulta de encargos trabalhistas mais baixos, em torno de 60%, contra os 100% no Brasil. Com receita de US$ 1,9 bilhão, a Colômbia está situada em terceiro lugar no ranking latino de valor de mercado de TI, atrás somente do Brasil (US$ 16,7 bilhões) e da Argentina (US$ 2,5 bilhões) e à frente de todos os demais integrantes da América Latina, inclusive o Chile, que gera US$ 1,7 bilhão, somando hardware, software e serviços. Segundo Rodríguez, novas alterações têm sido inseridas constantemente na legislação colombiana a fim de tornar o investimento de capital estrangeiro cada vez mais atraente. "Cada empresa pode criar a sua própria zona franca, caso não queira ou não possa integrar-se a qualquer uma das implementadas", disse o cônsul. Os incentivos fiscais ficam mais agressivos conforme o número de empregos gerados pela atividade. Assim, se uma empresa de serviços (como a de software) investir entre US$ 2 e US$ 10 milhões e gerar 500 empregos, terá isenção de impostos. Se investir entre US$ 10 e US$ 20 milhões, deve empregar 350 empregos. E se o investimento superar os US$ 20 milhões, o contingente a ser empregado deverá ser de 150. A supervalorização do real tem sido um estímulo às empresas brasileiras para investirem em outros países, lembra o cônsul. Para provar o êxito da política de atração de investimentos, menciona o crescimento do fluxo de capital estrangeiro. Em 2007, esse fluxo atingiu US$ 9 bilhões, registrando recorde histórico. Em 2006, havia sido de US$ 6,46 bilhões, US$ 10,2 bilhões em 2005, US$ 3,08 bilhões em 2004 e US$ 1,75 bilhão em 2003. "O valor foi muito alto em 2005 por conta de aquisição da cervejaria Bavaria por US$ 4,7 bilhões, mas feita essa ressalva, o crescimento tem sido progressivo", afirmou o cônsul. "Em janeiro e fevereiro, com US$ 1,74 bilhão, já equivale ao ano todo de 2003", comparou. Os contratos de estabilidade jurídica assinados entre governo e investidor são a sua garantia. "Os governos mudam mas o que foi estabelecido originalmente será sempre cumprido", concluiu. (Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 2)(