Título: Parlamentares querem alterar acordo do Mercosul com Israel
Autor: Exman, Fernando
Fonte: Gazeta Mercantil, 03/04/2008, Nacional, p. A6
Brasília, 3 de Abril de 2008 - Um debate informal iniciado nesta semana no Congresso Nacional e no Parlamento do Mercosul pode alterar os rumos da implementação do acordo de livre comércio assinado entre Israel e o bloco sul-americano no fim do ano passado. Presidente da Frente Parlamentar Brasil-Árabe, o deputado Nilson Mourão (PT-AC) propôs aos colegas que o acordo exclua as colônias judaicas instaladas em territórios reivindicados pelos palestinos. "O problema não é econômico ou financeiro, mas político", declarou Mourão. Para o deputado, o acordo de livre comércio com Israel é altamente positivo e ajuda a ampliar as relações do Mercosul. Ao beneficiar os assentamentos, entretanto, argumentou, os países do bloco reconhecem, mesmo que implicitamente, a legitimidade dessas instalações. "O acordo foi omisso. A União Européia (UE), por exemplo, fez esse destaque quando negociou com Israel", disse Mourão. A intenção de Mourão é impedir que os produtos oriundos de 150 colônias localizadas na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental não usufruam as preferências tarifárias previstas no acordo. Entre 300 mil e 400 mil pessoas vivem nessas localidades. "A produção deles é muito pequena." A representação brasileira no Parlamento do Mercosul deve realizar em breve uma audiência pública para discutir o tema. Serão convidados para a sessão negociadores brasileiros e dos outros países do Mercosul, assim como diplomatas israelenses e árabes. A idéia, no entanto, já foi bem recebida por alguns parlamentares, como o senador Cristovam Buarque (PDT-DF). Procurada, a representação econômica de Israel no Brasil não se pronunciou. Já o Itamaraty analisa o assunto com cautela. Sob a condição do anonimato, integrantes do Ministério das Relações Exteriores dizem que o assunto ainda não está em pauta. Só passaria a ser discutido se tal posição passasse a ser uma orientação do governo. Além disso, precisaria ser uma alteração discutida no momento de implementação do acordo, para evitar que o texto precisasse ser renegociado. O acordo ainda não foi ratificado pelas partes. Se a proposta sair do papel, Israel teria de colocar em prática um sistema de rastreabilidade para garantir a origem das mercadorias embarcadas para o Brasil. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 6)()