Título: Para vencer Aécio, PT quer ajuda do PMDB
Autor: Falcão, Márcio
Fonte: Gazeta Mercantil, 03/04/2008, Politica, p. A8

Brasília, 3 de Abril de 2008 - A aliança de tucanos e petistas na corrida pela prefeitura de Belo Horizonte encontrou nova resistência dentro do PT. Ontem, a direção do partido começou a discutir oficialmente a dobradinha com a bancada de Minas Gerais. E o cenário ainda não é favorável à proposta do atual prefeito da capital mineira, Fernando Pimentel, para lançar um candidato de um partido neutro, o PSB, que também receberia o apoio do governador de Minas Gerais, Aécio Neves. A pressão para rejeitar a união partiu dos ministros do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, e da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Dulci. Os ministros demonstraram incomodo com a condução do processo de aliança conduzido por Pimentel. Dulci destacou, por exemplo, que a sua corrente, a Articulação, foi excluída das negociações para a disputa municipal e cobrou tratamento igualitário para todas as alas do partido. Acolhendo as reclamações dos ministros, o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), pediu que o Diretório Municipal de Minas transferisse para o dia 27 de abril a decisão sobre o candidato do partido para as eleições de outubro. A idéia de Berzoini é colocar outros partidos da base aliada, especialmente PMDB e PR, nas articulações. A aliança com o PSDB seria ratificada municipalmente no próximo domingo. "Temos que buscar o consenso, por isso solicitei o adiamento. Não estamos tratando de uma questão apenas regional. Uma união mesmo que indireta com o PSDB tem toda uma engenharia que precisa ser analisada cuidadosamente", justificou Berzoini. A pedido de Berzoini, Pimentel deve procurar o ministro das Comunicações, Hélio Costa, para tentar uma aproximação com o PMDB mineiro. Na semana passada, em resposta a movimentação contra a aliança de Aécio e Pimentel, Costa se reuniu com caciques mineiros do partido e colocou na disputa dois pré-candidatos: o deputado federal Leonardo Quintão e o deputado estadual Sávio Cruz. "Vamos conversar com todos até porque o nome não é do PSB, mas sim do entendimento e que tenha a simpatia do Dulci, do Patrus, do Hélio Costa, do Alencar", disse o presidente do diretório estadual do PT mineiro, Reginaldo Lopes, que ainda não se decidiu sobre a aliança. Uma das alternativas lançadas na reunião para manter apoio ao PSB foi alavancar a candidatura de Ana Lúcia Gazola, considerado um nome mais independente do que o do atual secretário Estadual de Desenvolvimento Econômico de Minas, Márcio Lacerda, mais cotado para liderar a chapa. A sugestão não teria agradado Pimentel. Segundo o prefeito, o candidato majoritário será do PSB, o vice do PT e a chapara terá apoio do PSDB mineiro. O prefeito de Belo Horizonte, no entanto, evita polemizar as discussões e demonstra confiança de que a aliança do PSB vai ser mantida. "A conversa foi fraterna, para buscar o entendimento de todos. O PT é um partido democrático que se curva a maioria, mas a tese que defendemos está mantida", disse Pimentel. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 8)()