Título: Fluxo tem queda de quase 50%
Autor: Monteiro, Viviane
Fonte: Gazeta Mercantil, 03/04/2008, Finanças, p. B2

Brasília, 3 de Abril de 2008 - O fluxo cambial ficou positivo em US$ 8,94 bilhões no primeiro trimestre de 2008, uma queda de 48,6% sobre os US$ 17,39 bilhões apurados em igual período do ano passado, de acordo com dados do Banco Central, divulgados ontem. Para analistas, a redução do fluxo no trimestre reflete a crise econômica internacional. Porém, a despeito da crise norte-americana, a entrada líquida de dólares no País fechou março superavitária em US$ 8,051 bilhões, mais do que o dobro dos US$ 3,246 bilhões apurados no mês anterior. A cifra superou em 33% os US$ 6,6 bilhões registrados em igual mês do ano passado. E é o melhor resultado desde julho de 2007, quando o volume alcançou US$ 11,6 bilhões. Analistas acreditam que a tendência é de que o movimento de câmbio permaneça superavitário no decorrer deste ano, por conta da elevada taxa básica de juro (Selic) e a política de incentivo fiscal a investidores estrangeiros, além das políticas de acúmulo de reservas internacionais e de superávit comercial considerado elevado. O economista do Instituto de Estudos Socieconômicos (Inesc), Evilásio Salvador, acredita que este ano o fluxo cambial deve ficar parecido com o do ano passado, quando o volume atingiu US$ 87 bilhões. "O Brasil tem dois fatores que sustentam o dinamismo do fluxo cambial, que são a elevada taxa de juro e a isenção de Imposto de Renda para investidores estrangeiros, que têm atraído recursos para o País", disse. O professor de economia da Universidade de Brasília (UNB), Ricardo Caldas, acrescenta que o Brasil criou bases sólidas que garantem a manutenção do fluxo cambial positivo. Ele se refere às políticas de acúmulo de reservas cambiais e fortes saldos comerciais. Embora o resultado do trimestre reflita a crise norte-americana, o economista do Inesc disse que a redução do fluxo é apenas "uma questão conjuntural" pelo fato de que os investidores que compram papéis no Brasil podem estar saindo para cobrir prejuízos nos Estados Unidos. Em março, a balança comercial rendeu uma contribuição positiva de US$ 6,6 bilhões na entrada líquida de dólares na economia brasileira. O fluxo financeiro contribuiu com US$ 1,3 bilhão. No acumulado do ano, o saldo comercial totaliza US$ 13,5 bilhões. Na contramão, o fluxo financeiro ficou negativo em US$ 4,5 bilhões. (Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 2)()