Título: Itaipu poderá ter linha até Assunção
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Fonte: Gazeta Mercantil, 03/04/2008, Infra-estrutura, p. C6

Brasília, 3 de Abril de 2008 - Poucas horas antes de receber o candidato à presidência do Paraguai, Fernando Lugo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve reunião de trabalho com o presidente da Itaipu Binacional, Jorge Samek. O assunto da reunião foi a construção de uma linha de transmissão de Itaipu a Assunção com capacidade para 500 quilowatts. "Isso dá uma condição extraordinária do Paraguai ampliar seu parque de utilização. Interessa ao Brasil que o Paraguai se desenvolva", afirmou Samek ao final da reunião. O custo estimado da linha de transmissão é de US$ 150 milhões a US$ 200 milhões. Segundo Samek, a elaboração do projeto, orçada em US$ 2 milhões, será bancado por Itaipu. A construção da linha dependerá de financiamento ainda em estudo. Entre as possibilidades está a utilização de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Eletrobrás - principal credora do Paraguai na dívida pela construção de Itaipu. Samek negou que a proposta da linha de transmissão seja para acalmar os ânimos do Paraguai. "Não. O Paraguai tem sofrido falta de possibilidade de transmissão e distribuição", afirmou. Pautados pela campanha do ex-bispo Fernando Lugo, favorito nas pesquisas, os demais candidatos à presidência paraguaia vêm defendendo a renegociação do contrato de Itaipu - a energia é a principal riqueza natural do Paraguai. O executivo da hidrelétrica acredita que a pressão pela renegociação deve diminuir após as eleições, marcadas para 20 de abril. Mas a renegociação do contrato é uma reivindicação antiga do Paraguai, que demanda o reajuste do preço da energia produzida em Itaipu vendida ao Brasil. Também pede a revisão do contrato para que possa vender seu excedente a outros países. Pelo tratado de construção da Hidrelétrica de Itaipu, cada país tem direito a 50% da energia produzida pela usina, mas a energia não utilizada deve ser vendida ao outro a um preço fixo. Hoje, Itaipu fornece 90% da energia utilizada pelo Paraguai - o volume, porém, equivale a apenas 5% dos 50% que o país tem direito. O restante é obrigatoriamente vendido ao Brasil a preço de custo. O contrato vale até 2023. "Um dos temas que se coloca lá é como se o preço da energia elétrica, que é repassada para o Brasil, estivesse abaixo da média, mas não corresponde com a realidade", afirmou Samek, assegurando que o valor pago pelo Brasil cobre os juros da dívida paraguaia com Itaipu. (Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 6)(Agência Brasil)